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Estamos diante de uma verdadeira corrida contra o tempo. Para a Agência Internacional de Energia Nuclear, o Irã somente obterá armas nucleares dentro de 6 a 8 anos. Já os Estados Unidos prevêem que Teerã irá obtê-las entre 4 e 6 anos. Israel, por sua vez, acredita que dentro de 2 anos o Irã será alçado à condição de potência nuclear. A opinião é do diretor de Relações Internacionais do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), Thomas Heye. Em entrevista à Gazeta do Povo, o analista disse acreditar que a esperança resida nos esforços diplomáticos que estão sendo conduzidos por alguns países e que sejam bem-sucedidos antes que os EUA ou Israel lancem mão de um ataque militar direto. Confira os principais trechos da entrevista:

Gazeta do Povo – Até que ponto o Irã usa o programa nuclear como barganha política?

Thomas Heye – Ao contrário da Coréia do Norte, que se vale abertamente da chantagem nuclear para obter recursos de outros países, não me parece que o programa nuclear iraniano esteja sendo utilizado como moeda de troca nas relações externas do país. Em momento algum o Irã assinalou concretamente a possibilidade de interromper o seu programa nuclear, apesar da retórica diplomática deste país ter despertado sentimentos otimistas neste sentido. O fato é que o programa nuclear do Irã representa a mais grave crise internacional do pós-Guerra Fria. O governo dos EUA já admitiu a existência da possibilidade de um ataque às instalações nucleares iranianas, inclusive com a utilização de armas nucleares táticas. Todavia, é mais provável que Israel tome a iniciativa de lançar uma ofensiva militar contra o Irã, uma vez que a própria existência deste país é ameaçada diretamente por um Irã com armas nucleares.

O programa nuclear é uma unanimidade no país?

Acredito que haja um sólido consenso entre as principais lideranças políticas iranianas acerca do programa nuclear. A principal evidência neste sentido é, apesar dos elevados custos políticos, a permanência do programa nuclear como item prioritário na agenda política do país.

Qual é a força da oposição no Irã?

É muito difícil determinar o impacto de grupos opositores na política iraniana. As razões para tanto são decorrentes do fato de que estes grupos operam de maneira clandestina e são alvos de repressão sistemática por parte do governo. Soma-se a este quadro a inexistência no país de uma imprensa livre e a impossibilidade de qualquer espécie de debate político franco e aberto. Como reflexo, a oposição à teocracia iraniana é muito fragmentada e a imensa maioria da população simplesmente desconhece a existência deste grupos.Por que o Irã têm sido apontado como culpado pelos EUA?

O Irã está apoiando com recursos bélicos e financeiros determinados grupos na guerra civil no Iraque. O envolvimento de um ator externo é um fator que com certeza complica ainda mais o grave quadro atual no Iraque. Para o governo norte-americano é mais simples responsabilizar o Irã pelo acirramento da guerra civil iraquiana do que admitir o retumbante fracasso de sua política em relação a este país.

Thomas Heye, diretor de Relações Internacionais do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF).

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