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Youssuf Abdulazeez mantinha uma vida “comum”, segundo seus vizinhos | HANDOUT/REUTERS
Youssuf Abdulazeez mantinha uma vida “comum”, segundo seus vizinhos| Foto: HANDOUT/REUTERS

Ele jogava beisebol numa vizinhança de ladeiras gramadas. Era um jovem educado, que às vezes dirigia rápido demais e chegou a ser preso acusado de guiar bêbado. Lutador de artes marciais, mantinha um blog no qual falava sobre a obediência a Alá. Mas na quinta-feira (16), as autoridades informaram que Mohammod Youssuf Abdulazeez, de 24 anos, matou quatro militares e feriu pelo menos mais três pessoas. Ele próprio morreu no que a procuradora-geral dos EUA chamou de um potencial ato de terrorismo doméstico.

Abdulazeez era um jovem de origem kuwaitiana, naturalizado americano. Segundo “The Chattanooga Times Free Press”, ele se formou na Red Bank High School. No anuário da escola, deixou a citação: “Meu nome causa alerta de segurança nacional. O que o seu faz?”

Suas atitudes, porém, não geravam desconfiança. Os vizinhos em Hixson, no subúrbio de Chattanooga, onde o jovem cresceu, dizem que ele parecia ser como todos os meninos americanos. Era bonito e educado e costumava usar camiseta e calça jeans.

Durante mais de uma década, seus pais e irmãs viveram na região de Colonial Shores, do outro lado do Rio Tennessee. É um local quase surrealista. Bem cuidado, tem belas casas de classe média do final da década de 1970.

Dean McDaniel, de 59 anos, morava duas casas depois da família Abdulazeez, em Colonial Way Circle. Ele disse ter conhecido o pai nos últimos 12 anos, quando a família se mudou para o bairro. Segundo ele, duas das irmãs de Abdulazeez costumavam tomar conta de seus filhos quando eram mais jovens. E Abdulazeez, às vezes, visitava as irmãs enquanto elas estavam lá.

McDaniel se lembra do jovem e de suas irmãs como pessoas bem comportadas e educadas. Segundo ele, é possível dizer que tiveram pais rigorosos e um estilo de vida bem estruturado. As meninas e a mãe, conta, usavam lenço sobre os cabelos, enquanto o filho se vestia com o traje típico americano. Os pais ainda falavam com sotaque; as crianças, nem tanto.

O vizinho sabia que eram muçulmanos, mas desconhecia o lugar de origem da família. Ele lembra ainda de Abdulazeez jogando beisebol na rua com as outras crianças.

Proprietário de uma academia de artes marciais em Chattanooga, Chet Blalock contou que Abdulazeez lutou durante o ensino médio e que alguns de seus alunos treinaram com o homem apontado como o atirador que matou fuzileiros em ataques a centros da Marinha na quinta-feira, mas que ele mesmo não o conhecia bem.

“Ele era um cara duro”, afirmou Blalock. “Ele não se submetia. Ele preferia desmaiar.”

Um currículo de Mohammod Youssuf Abdulazeez encontrado na internet mostra que ele recebeu um diploma de engenharia, em 2012, da Universidade de Tennessee-Chattanooga, e sabia administrar sistemas de energia elétrica.

Abdulazeez manteve um blog onde postava informações sobre o Islã, de acordo com o grupo de inteligência que monitora grupos terroristas internacionais. Em uma publicação feita no dia 13 de julho, afirmou que “a vida é curta e amarga” e que os muçulmanos não devem deixar “passar a oportunidade de se apresentar a Deus”.

Nos últimos dois ou três meses, ele apareceu com regularidade na oração de sexta-feira da Sociedade Islâmica da Grande Chattanooga, uma mesquita e centro cultural, segundo Azhar Sheikh, um membro fundador do conselho do centro.

Sheikh disse, porém, que ele não mostrava sinais de extremismo. Agora, a mesquita está de luto: “Nós cancelamos (as celebrações do Eid al-Fitr) por respeito e lembrança aos nossos fuzileiros navais que morreram”, disse.

O envolvimento do jovem chocou todos que conviveram com a família, como Mary Winter, de 32 anos, presidente da associação de moradores de Colonial Shores. Segundo ela, eles eram conhecidos por serem vizinhos bons e conscientes:

“Este foi um grande choque para o nosso bairro e toda a nossa comunidade. Nossos corações estão com os fuzileiros que foram mortos, mas também estão com a família “, afirmou.

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