Hamas organizou ontem uma manifestação para agradecer o Egito pela abertura da fronteira na região de Rafah, sul da Faixa de Gaza| Foto: Ibraheem Abu Mustafa/Reuters

Para o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, "não há bases comuns" para as conversas de paz com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e buscar o reconhecimento de um Estado palestino pela Organização das Nações Unidas (ONU) é a única opção.

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Em declaração durante uma reunião da Liga Árabe, em Doha, no Qatar, Abbas mostrou preocupação de que dar um passo diplomático em oposição aos Estados Unidos e Israel possa resultar em sanções financeiras e pressionou os países árabes para que preencham qualquer lacuna.

Apesar de deixar espaço para um acordo, dizendo que a retomada das negociações de paz nos termos defendidos pelos palestinos evitaria o passo em direção à ONU, os comentários de Abbas foram alguns dos mais frios até então sobre a probabilidade de mais negociações.

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Abbas falou na reunião do comitê do processo de paz da Liga Árabe, convocada depois dos discursos feitos em Washington, pelo presidente dos EUA, Barack Obama, e do primeiro-ministro israelense, Netanyahu, sobre a política para o Oriente Médio.

A liderança palestina disse que as ideias de Netanyahu para a paz com os palestinos, descritas em um discurso ao Congresso dos EUA na última terça-feira, colocaram mais obstáculos no caminho de um já moribundo processo de paz.

"Vemos, pelas condições que Netanyahu estabeleceu, que não há bases comuns para as negociações. Nossa opção fundamental é ir à ONU", disse Abbas, em seu discurso de abertura.

"Isso não é nenhum segredo, já dissemos isso aos norte-americanos, europeus e israelenses, nossa única opção procurar as Nações Unidas", disse.

Ele expressou medo de que esse passo levasse alguns países a "tentar impor um cerco sobre nós", embora não tenha dito a que governos ele estava se referindo. "Esperamos que haja uma rede de segurança dos estados árabes", disse.

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Em resposta ao apelo de Abbas, a Liga Árabe decidiu pleitear uma participação plena como membro da ONU para um Estado palestino na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como a sua capital, ignorando a oposição dos EUA e de Israel.

Em comunicado, o comitê do processo de paz da Liga Árabe afirmou que "decidiu ir às Nações Unidas solicitar a adesão plena para a Palestina nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como a sua capital".

As fronteiras de 1967 fazem referência às fronteiras de Israel, como elas eram na véspera da Guerra de 1967, em que tomou a faixa de Gaza do Egito e da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, da Jordânia.

Entre os países da Liga Árabe, o Qatar propôs que o processo de paz no Oriente Médio seja suspenso até que Israel esteja "pronto" para conversas.

"Nós suspendemos no momento o processo de paz até que haja vontade" nas negociações do lado israelense, disse o primeiro-ministro do Qatar, Sheikh Hamad bin Jassem al-Thani, ao abrir a reunião.

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O presidente da Assembleia-Geral das Nações Unidas, Joseph Deiss, assegurou na sexta-feira que, para ser reconhecido pela ONU, o Estado palestino deverá contar com o apoio do Conselho de Segurança, o que parece complicado diante do possível veto que pode ser feito pelos Estados Unidos.