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O "Abominável homem das neves", também conhecido como "Pé Grande" ou Yeti, é uma das lendas mais conhecidas pelo mundo e relatos da busca deste animal mítico são encontrados desde a época de Alexandre, O Grande, em 300 a.c. Na ânsia de desvendar o mistério, cientistas de Oxford, na Inglaterra, cruzaram o DNA de animais desconhecidos encontrados no Himalaia e no Butão e descobriram que são compatíveis com um ancestral do urso polar encontrado na Noruega há 40 mil anos.

"O objetivo principal do projeto não foi encontrar o Yeti, embora possa ser interpretado dessa forma, e geralmente é, mas realmente fazer um estudo sistemático sobre o material que é tido como proveniente de um Yeti, porque isso nunca foi feito", contou Bryan Sykes, professor de genética da Universidade de Oxford ao Guardian. "Estou tão curioso quanto qualquer um para saber o que essas criaturas podem ser, e eu vi uma oportunidade de fazer um estudo científico adequado por causa dos avanços na análise de amostras de cabelo".

As lendas sobre o Yeti são originárias do Tibete, mas se espalharam por toda a região ao longo das rotas comerciais para o Nepal através dos Sherpas, etnia que vivia nas regiões mais montanhosas do país, no alto dos Himalaias. No entanto, relatos de encontro com o animal misterioso são registrados em todos os continentes da Terra, com exceção da Antártica.

Os cientistas utilizaram amostras de cabelo de dois animais desconhecidos, um encontrado na região ocidental do Himalaia, conhecida com Ladakh, e outro no Butão. Ao cruzar os danos genéticos com o DNA mitocondrial de outros animais disponíveis no banco de dados GenBank, o repositório internacional de sequências de genes, Sykes descobriu que ele tinha uma combinação de 100% com uma amostra de um antigo urso polar encontrado em Svalbard, um arquipélago norueguês no Oceano Ártico, de pelo menos 40 mil anos, mas que provavelmente viveu há 120 mil anos, uma época em que o urso polar e o urso pardo estavam se separando como espécies diferentes.

"Este é um resultado interessante e completamente inesperado que nos deu uma surpresa. Há mais trabalho a ser feito sobre como interpretar os resultados. Eu não acho que exista um ancestral do urso polar vagando em torno do Himalaia", afirmou Sykes.

O cientista acredita, no entanto, que a explicação mais provável é que os animais sejam híbridos, provenientes de um cruzamento entre o urso polar e o urso pardo. As espécies estão intimamente ligadas e são conhecidos por se relacionarem nos locais onde seus territórios se cruzam.

"Mas podemos especular sobre uma possível explicação para esse resultado. Isso pode significar que há uma subespécie de urso pardo no alto Himalaia descendente do ancestral do urso polar. Ou poderia ser um cruzamento posterior do urso pardo com o ancestral do urso polar", disse Sykes.

A foto de uma pegada do "Abominável homem das neves" feita pelo alpinista britânico Eric Shipton na base do Everest, em 1951, provocou mania mundial pelo animal mítico. O também alpinista Reinhold Messner, que se tornou o primeiro homem a escalar o Everest sem oxigênio, estudou os Yetis após um encontro assustador com uma misteriosa criatura no Tibete, em 1986.

O estudo do italiano vai de encontro com a pesquisa de Sykes. Ele descobriu uma imagem de um "Chemo", outro nome local para o Yeti, em um manuscrito tibetano de 300 anos com o texto ao lado: "o Yeti é uma variedade do urso que vive em áreas montanhosas inóspitas".

"Estudiosos de Yetis e outros entusiastas sempre se sentiram rejeitados pela ciência. A ciência não aceita ou rejeita qualquer coisa, tudo que faz é examinar as evidências, e é isso que estou fazendo", ressaltou Sykes. "A melhor coisa a se fazer a partir de agora é montar uma expedição em conjunto para saber como esse animal se comporta na natureza e quanto ele tem do urso polar ou de uma espécie híbrida, mas não podemos dizer tudo isso apenas a partir de uma amostra de cabelo".

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