O terrorista capturado depois dos ataques que deixaram mais de 170 mortos no mês passado na cidade indiana de Mumbai (ex-Bombaim) disse que a intenção de seu grupo era capturar reféns e fazer exigências por meio de telefonemas à imprensa. Essas revelações constam da confissão feita pelo acusado, obtida neste sábado (13) pela Associated Press.

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Na confissão, de sete páginas, Mohammed Ajmal Kasab, de 21 anos, afirmou ter nacionalidade paquistanesa, assim como seu parceiro de ataque, identificado como Ismail Khan. Ambos atacaram a estação ferroviária de Mumbai, onde mataram dezenas de pessoas com granadas e disparos de fuzis automáticos.

Segundo Kasab, o plano era que ele e Khan assumissem o controle do telhado de um prédio, tomassem reféns e transmitissem exigências a órgãos de imprensa, mas eles não encontraram nenhum "prédio adequado" pra isso. Ao invés disso, eles atacaram a estação ferroviária e aparentemente não chegaram a fazer reféns. Os confrontos em vários pontos de Mumbai duraram três dias e deixaram 173 mortos, entre eles nove terroristas.

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Kasab disse que o ataque estava originalmente planejado para o dia 27, mas começou no dia anterior; ele não explicou a razão da mudança de data. Segundo ele, os organizadores da operação orientaram os terroristas a lançarem os ataques durante a hora do rush, quando a estação ferroviária está mais cheia de gente.

De acordo com a confissão, Kasab e Khan chegaram a Mumbai e se dirigiram imediatamente de táxi à estação. "Ismail e eu fomos ao banheiro público, tiramos nossas armas das mochilas, carregamos as armas, saímos e começamos a atirar indiscriminadamente contra os passageiros", diz o documento.

Com a chegada da polícia, os dois terroristas reagiram atirando e lançando granadas contra os policiais e então saíram em busca de um prédio onde deveriam fazer reféns e telefonar para um contato chamado Chacha, que Kasab identificou como Zaki ur-Rehman Lakhvi, que seria o organizador da operação. Chacha, que significa "tio" no idioma hindi, daria a eles os telefones dos órgãos de imprensa para os quais eles deveriam telefonar e as exigências que deveriam fazer. "Essa era a estratégia geral decidida por nossos treinadores", disse Kasab na confissão.

Ao não encontrar um "prédio adequado", os dois terroristas invadiram um hospital próximo, onde buscaram reféns e travaram um novo tiroteio com a polícia indiana.

Kasab também disse ter sido treinado pelo grupo radical islâmico Lashkar-e-Taiba, banido pelo governo do Paquistão em 2002 e que a Índia responsabilizou pelo ataque. Ele afirmou ter tido aulas sobre os sistemas de segurança indianos e sobre como escapar ao ser perseguido.

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Neste sábado, a polícia indiana disse que Kasab escreveu uma carta ao consulado do Paquistão, pedindo assistência jurídica. De acordo com Rakesh Maria, o chefe das investigações da polícia indiana sobre o caso, a carta foi encaminhada às autoridades paquistanesas.

Em Paris, onde estava em visita oficial, o ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Shah Mohammed Qureshi, disse que a Índia não forneceu provas de que o terrorista que sobreviveu aos combates em Mumbai, ou os outros nove que foram mortos, têm nacionalidade paquistanesa.

"Não estamos negando, nem estamos aceitando. Se a Índia tem qualquer evidência, que compartilhe conosco", afirmou Qureshi.

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