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A "jirga da paz", uma assembléia de três dias reunindo cerca de 700 dirigentes religiosos e tribais paquistaneses e afegãos, foi inaugurada nesta quinta-feira (9), em Cabul, para tentar fazer frente à rebelião dos talibãs apoiados por seus aliados da al-Qaeda.

Um dos patrocinadores do encontro, o presidente paquistanês Pervez Musharraf, foi representado por seu primeiro-ministro, Shaukat Aziz, que chegou à reunião acompanhado do presidente afegão, Hamid Karzai.

Ao inaugurar a reunião, Karzai declarou que ambos os países podem derrotar a al-Qaeda e os talibãs se trabalharem juntos.

"Confio que se o Afeganistão e o Paquistão unirem suas forças, eliminaremos em um dia a opressão que sofrem nossos países", disse Karzai à assembléia, que é realizada em Cabul sob um forte aparato de segurança.

"Se o problema emana do lado afegão, deveremos encontrar os meios para resolvê-lo. Se vem da parte paquistanesa, deveremos encontrar soluções. Se o problema está em ambas as nações, teremos que encontrar soluções", acrescentou.

Karzai declarou que, "do ponto de vista afegão, o que acontece no Afeganistão não é obra de afegãos". "É obra dos inimigos dos afegãos", ressaltou.

O presidente também afirmou sua repulsa pelo seqüestro de 16 mulheres entre os 21 reféns sul-coreanos prisioneiros dos talibãs.

"Ninguém jamais seqüestrou mulheres na história desse país", afirmou o chefe de Estado, considerando o gesto dos talibãs "infame para a história do Afeganistão".

Em seu discurso, o primeiro-ministro paquistanês respondeu que os talibãs eram basicamente afegãos e que Cabul não podia acusar aos demais pela falta de reconciliação de seu povo. Aziz reconheceu, no entanto, que "o destino do Paquistão e do Afeganistão estão entrelaçados" e que ambos os países devem "combater essas forças sombrias com determinação".

Os talibãs, que exigem a libertação de membros de sua organização em troca da dos sul-coreanos, já executaram dois homens do grupo de reféns.

Esta é a primeira vez que autoridades tribais dos dois países abordarão a luta contra os talibãs. Porém, os representantes de duas das sete regiões de fronteira do Paquistão, Waziristão do Norte e do Sul, não comparecerão ao evento. Uma fonte ligada à primeira comunidade, que pediu para não ser identificado, afirmou que a postura é um sinal de protesto pelo aumento das operações do Exército paquistanês na área.

Um líder tribal do Waziristão do Sul, Malik Masud Khan Mehsud, pediu a participação dos talibãs, o que também foi solicitado por outro representante paquistanês, Malik Asghar. "A paz é impossível sem os talibãs", disse.

Um porta-voz do grupo extremista, Zabihula Mujahid, pediu um boicote à reunião "convocada pelos Estados Unidos".

O porta-voz da Jirga, Mohamad Asif Nang, afirmou que este será um encontro "exploratório", que permitirá "revelar as raízes do terrorismo, os santuários terroristas, seu financiamento e apoios". Já para o ministério do Interior do Paquistão, a reunião determinará uma estratégia comum contra o terrorismo.

Os ataques dos militantes pró-talibã no Paquistão, especialmente nas zonas tribais de fronteiras com o Afeganistão, ganharam força desde a operação militar no mês passado contra a Mesquita Vermelha de Islamabad, onde estavam entrincheirados islamitas radicais fortemente armados.

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