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Maria Otone de Menezes, mãe de Jean, chega no local da audiência, em Londres | Shaun Curry/AFP
Maria Otone de Menezes, mãe de Jean, chega no local da audiência, em Londres| Foto: Shaun Curry/AFP

Londres - O policial britânico que matou o eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, no dia 22 de julho de 2005, em Londres, revelou ontem, chorando, como ficou cara a cara com a vítima, que acreditava ser um terrorista suicida pronto para atacar. Quando soube no dia seguinte que ocorrera um erro de identidade e que morrera um inocente, o policial ficou "incrédulo e abalado", profundamente "triste e confuso".

"Todas as coisas para as quais sempre treinei – detectar a ameaça, avaliá-la, qualificá-la e atuar em seguida – falharam". O agente, identificado como C12, disse que estava certo de que matar Jean Charles era fundamental para se evitar um ataque suicida.

C12 revelou à Justiça, em audiência assistida pela mãe da vítima, Maria Otone de Menezes, que o fato de ter matado um inocente "será algo que levará para o resto de seus dias".

O policial manifestou suas "sinceras condolências e todo o meu respeito" à família do eletricista mineiro. O agente descreveu como ficou cara a cara com Jean Charles, de 27 anos, na estação Stockwell do metrô de Londres um dia após um atentado terrorista fracassado, no momento em que a cidade estava sob o impacto dos ataques suicidas ao transporte público que deixaram 56 mortos, no dia 7 de julho de 2005.

Jean Charles foi morto com sete tiros na cabeça, ao ser confundido com Hussain Osman, um dos homens que tinham participado da tentativa de atentado da véspera.

O oficial da Scotland Yard chamado de CO19, especialista da unidade de armas de fogo, seguiu Jean Charles até a estação Stockwell e ficou diante do eletricista. C12 disse que Jean Charles se levantou do banco do vagão do metrô e continuou andando, mesmo após ele gritar "policial armado", enquanto apontava a pistola, o que o levou a abrir fogo. "Continuou andando em minha direção. Foi exatamente naquele momento que pensei que ia detonar (um suposto cinturão de explosivos), que ia matar a todos, e decidi agir para evitar isto".

Chorando muito, o policial disse que atirou três vezes: "precisava estar certo de que morreria, de que não seria mais uma ameaça, que ele não poderia explodir a bomba". A audiência foi suspensa brevemente para permitir que o agente, muito emocionado, recuperasse o controle. Finalmente, o agente revelou que após os disparos, ficou "coberto do sangue" de Jean Charles.

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