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Os crimes de guerra e a limpeza étnica voltaram ao Iraque em 2014 pelas mãos do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), responsável por um conflito que deixou mais de 10 mil mortos e uma grave crise humanitária após instaurar o terror em amplas áreas no centro e no norte do país.

No relatório anual sobre as liberdades no mundo divulgado nesta terça-feira (24), a Anistia Internacional (AI) destacou a brutalidade do EI, que em junho do ano passado tomou a segunda maior cidade do Iraque, Mossul, e proclamou um “califado” sob a liderança de Abu Bakr al-Baghdadi.

Os combatentes do grupo promoveram o extermínio de minorias étnicas (curdos, turcomanos e shabak) e religiosas (yazidis e cristãos) do norte do país, com execuções em massa de homens e crianças e sequestros de mulheres e meninas, transformadas em escravas sexuais.

Em agosto, a ofensiva do EI na região de Sinjar, onde milhares de yazidis morreram de fome e também presos nas montanhas, e seu rápido avanço até as proximidades de Erbil, capital da região autônoma curda, levaram à intervenção dos Estados Unidos, com uma coalizão que bombardeou os jihadistas e deu apoio às tropas iraquianas e forças curdas, que permanecem lutando contra o EI.

Além disso, segundo a AI, forças governamentais bombardearam de forma indiscriminada áreas do EI e milícias xiitas sequestraram e executaram a dezenas de sunitas em áreas sob controle governamental.

Este novo conflito sectário causou a morte de cerca de 10 mil civis entre janeiro e outubro, obrigou o deslocamento de quase dois milhões e provocou uma grave crise humanitária, exacerbada pela afluência contínua de milhares de refugiados sírios.

Um milhão desses deslocados fugiram para o Curdistão, que em novembro já abrigava cerca de 225 mil sírios, aos quais se somaram os milhares de refugiados iraquianos, que voltaram ao país a partir da Síria e de outros lugares, o que levou a ONU a declarar nível de emergência máxima.

Em abril foram realizadas as eleições parlamentares, vencidas pela Coalizão do Estado de Direito do primeiro-ministro xiita Nouri al Maliki, cujos excessos contra os sunitas são em parte a origem do apoio inicialmente encontrado pelo EI.

Após um longo e complexo processo, Maliki não se elegeu para um terceiro mandato e foi substituído em setembro por Haider al Abadi, em meio a pedidos internacionais de um governo mais inclusivo.

A AI destacou também que as autoridades mantiveram milhares de pessoas presas sem acusação ou julgamento, além da tortura sob custódia e o fato de jornalistas trabalharem em condições extremamente perigosas, alguns tendo sido vítimas de homicídios seletivos.

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