O presidente do Haiti, René Préval, pretende dizer na quarta-feira ao seu colega dos EUA, Barack Obama, que a ajuda alimentar para o país deve ser interrompida, porque ela ameaça afetar a economia local.

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Os dois se reúnem na Casa Branca para discutir as consequências do terremoto de 12 de janeiro, que matou 230 mil pessoas, segundo estimativas do governo haitiano. Doações de alimentos e água foram vitais para os mais de 1,2 milhões de desabrigados, mas Préval disse em entrevista coletiva na segunda-feira que a ajuda poderia em longo prazo se tornar nociva para o país mais pobre das Américas.

"Direi a ele (Obama) que esta primeira fase da assistência está encerrada", disse Préval, em pé diante das ruínas do palácio presidencial em Porto Príncipe. "Se continuarem a nos mandar ajuda do exterior - água e comida - ela irá competir com a produção nacional haitiana e com o comércio haitiano."

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Préval disse que a prioridade deve ser a criação de empregos no Haiti, onde mesmo antes do terremoto uma grande parcela da população estava desocupada. Em conjunto com a comunidade internacional, o governo haitiano está preparando um plano geral de reconstrução, com metas ambiciosas, disse o presidente após reunião com a governadora-geral do Canadá, Michaelle Jean.

Um fundo financeiro, com membros com e sem direito a voto, deve administrar as verbas doadas, disse Préval.

As prioridades na reconstrução incluem o reforço de edifícios contra futuros terremotos e a recuperação do meio ambiente, já que séculos de desmatamento tornaram o terreno mais propício a deslizamentos em caso de chuvas e furacões, como o que assolou o país em 2008. Préval estimou que serão necessários 38 milhões de dólares.

Reabrir as escolas também será essencial, afirmou ele, sem no entanto citar prazos. A educação é considerada crucial para o desenvolvimento do Haiti, onde 38 por cento da população abaixo de 15 anos e quase metade daqueles com 15 anos ou mais são analfabetos.

"Direi a ele (Obama) que nossa visão é reconstruir o Haiti e, se não tirarmos vantagem deste evento histórico para reinventar o Haiti, para reinventar Porto Príncipe, vamos cometer um erro de proporções históricas", disse Préval.

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"Nossa geração tem a obrigação de arcar com esta responsabilidade", afirmou.

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