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Para o montanhista Jan Riha, “se fosse fácil, iria qualquer um” | Viktor Novák/Efe
Para o montanhista Jan Riha, “se fosse fácil, iria qualquer um”| Foto: Viktor Novák/Efe

Jan Riha diz "sentir" o som das montanhas

O alpinista Jan Riha perdeu a visão após sofrer uma pneumonia quando quando bebê. Durante o tratamento, aplicaram oxigênio nele, afetando os nervos oculares – o que não o impediu de começar desde cedo a praticar o atletismo e a escalada.

"Eu me preparo correndo. Corro muito, a meia maratona e a maratona", contou Riha, empregado do Castelo de Praga, sede presidencial da República Tcheca.

"Sinto o som das montanhas, os animais, o vento. Os que vão comigo me descrevem. E sinto o caminho por onde vou pisando", comentou Riha, que tem um ouvido muito aguçado e uma capacidade de orientação prodigiosa.

Degraus

Ele batizou seu desafio pessoal de "Escadas até o céu" e seu plano é conquistar os sete picos mais altos dos sete continentes. "Se subo uma montanha, posso ir para a seguinte. Se não, o projeto acaba", disse Riha, resumindo sua filosofia.

O desafio seguinte será o monte McKinley, com um altitude de 6.194 metros, situado na Cordilheira do Alasca, nos Estados Unidos.

"Quero tentar, se conseguir dinheiro", acrescentou, ressaltando que espera não ter de aguardar outros cinco anos para reunir a verba necessária.

O principal desafio será com certeza o Everest, a montanha mais alta do mundo com 8.848 metros. "Não quero que o Everest seja o seguinte, quero ir pouco a pouco. O Everest será no final", disse.

6.962 metros de altitude tem o topo do Aconcágua. Antes de Jan Riha, um montanhista espanhol cego tinha alcançado em 1994 o mesmo marco, mas pela rota mais simples.

Jan Riha é um alpinista tcheco que acaba de se transformar no primeiro deficiente visual a conquistar o Aconcágua, a montanha mais alta da América do Sul, usando a rota mais complicada e perigosa. Agora, ele sonha em fazer o mesmo com os chamados Sete Cumes, os picos mais altos de cada continente.

No retorno a Praga, após 25 dias de expedição na Argentina, o alpinista de 37 anos disse à Agência Efe que "as montanhas não são fáceis. Se fosse fácil, iria qualquer um, mas não se trata de um passeio pela cidade".

Subir até o cimo do Acon­cágua – que fica a 6.962 metros – é um desafio para qualquer desportista, mais ainda para um deficiente visual que reconhece as pessoas pela voz e que, numa distância de 30 centímetros, só percebe um horizonte escuro. Auxiliado por dois alpinistas tchecos, no último dia 11 de dezembro, Riha atingiu o pico do Parque Provincial Aconcágua entrando pela Quebrada de Punta de Vacas e saindo pela Quebrada de Horcones, um caminho conhecido como a "rota polonesa".

Um alpinista cego da Es­­panha tinha alcançado em 1994 o mesmo marco, mas pela rota mais simples, que atravessa o Vale de Horcones até a Praça de Mulas.

"Nós quisemos andar por uma via que não tivesse sido percorrida por um cego. E saindo de Punta de Vacas, mesmo para um montanhista em todas suas faculdades, é um pesadelo", explicou Viktor Novak, um dos companheiros de Riha na expedição. "Para mim, o terreno foi muito complicado, com muita pedra, mas não foi nada dramático", disse Riha.

Guinness

O feito de Riha ficou constatado mediante testemunho fotográfico, como assinala o certificado emitido pela Secretaria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Mendoza, na Argentina.

Agora, ele deve ser registrado no livro dos recordes Guinness, embora isso ainda esteja "pendente": falta apresentar a documentação necessária.

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