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Até o final da tarde desta sexta-feira, o governo cubano ainda não havia cumprido a promessa de soltar os primeiros cinco presos políticos. Este era o passo inicial do acordo alcançado nesta quarta-feira (7), sob mediação da Igreja Católica e do governo da Espanha que prevê a libertação de 52 presos. No começo da noite, parentes dos opositores já estavam prontos para recebê-los antes de ser enviados para a Espanha e aguardavam somente o sinal verde de Raúl Castro.

Se levada adiante, essa será a maior libertação de dissidentes cubanos desde 1998, quando 299 foram soltos após uma visita do papa João Paulo II a Cuba. Os opositores beneficiados foram presos em 2003, quando 75 pessoas foram detidas sob acusação de conspirar com os Estados Unidos. O arcebispo de Havana, Jaime Ortega, um dos principais articuladores do acordo, tinha sido informado pelo governo cubano na quarta-feira que os cinco primeiros dissidentes seriam soltos nas horas seguintes. Outros 47 opositores deveriam ser liberados para partir para o exílio ao longo de quatro meses, segundo promessa de Havana.

Dissidentes e parentes dos presos que deveriam ser soltos reclamavam hoje da demora. "Não consigo dormir à noite, entre a espera e as preocupações. Meu marido me telefonou e disse que há uma situação de incerteza. Talvez nos deem uma surpresa nas próximas horas", afirmou Oleydis García, mulher de Pablo Pacheco dissidente condenado a 20 anos de prisão e que está na lista dos cinco a serem enviados para a Espanha "em breve". "Já estou com tudo pronto (para que ele viaje): duas mudas de roupa e fotos da família."

Lisandra Laffita, mulher do dissidente Luis Milán, condenado a 13 anos de prisão, também temia que o acordo fracassasse na última hora. "Agentes da Segurança do Estado só me disseram para manter a calma. Não me informaram em que momento (ele será solto), se virá para casa ou se devemos encontrá-lo no aeroporto", disse Lisandra.

Direitos humanos

Em resposta ao recuo do regime cubano, o dissidente Guillermo Fariñas encerrou na quinta-feira a greve de fome que mantinha há 135 dias. Hoje, ele ainda corria "grave risco de morte", segundo seu médico pessoal, Ismely Iglesias, mas começou a se alimentar com líquidos e gelatina. Países da América Latina, além de EUA e União Europeia (UE), comemoraram o anúncio do acordo, feito quando o chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, visitava Havana.

Nesta sexta-feira (9), a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) também elogiou o anúncio e pediu novos gestos que demonstrem que o regime cubano está disposto a melhorar a questão dos direitos humanos na ilha. A libertação gradual de 52 prisioneiros políticos - alguns deles jornalistas - "marca um avanço positivo mas não deve ocultar a trágica realidade dos direitos humanos em Cuba", alertou o RSF. As informações são das agências internacionais.

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