Dois anos depois que uma parede de água atingiu sua cidade do sul da Índia, Tamilselvi, de 28 anos, e seu marido pescador estão reconstruindo a vida apesar de terem perdido seu maior valor: os filhos.

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Sentada ao lado de sua cabana improvisada e observando fotos dos três filhos que morreram no tsunami do Oceano Índico de 2004, ela espera com ansiedade que o único filho sobrevivente, Thivek, de 11 anos, volte da escola.

``A vida não é a mesma'', disse ela na quarta-feira, no acampamento de Nagapattinanm, onde mais de 6.000 pessoas morreram, sendo um terço crianças.

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``Somos gratos pelo apoio que recebemos, mas nada pode compensar a perda dos filhos. A felicidade de ter quatro filhos foi perdida para sempre'', disse ela à Reuters, admitindo que às vezes considera o suicídio o único meio de escapar do tormento.

Com tantas crianças mortas, grupos de ajuda e especialistas em saúde mental dizem que a criação de condições para que as pessoas tenham novos filhos é vital para o avanço das comunidades.

Para Tamilselvi isso significou ficar em um hospital local onde médicos reverteram uma operação de esterilização realizada por um programa de planejamento familiar patrocinado pelo governo.

O procedimento é complicado e o índice de sucesso é de cerca de 50 por cento entre mulheres jovens, dizem ginecologistas.

As cirurgias resultaram em nascimentos na cidade nos últimos dois anos, mas Tamilselvi não teve sorte até agora. Ela reclama de fortes dores na parte baixa do abdome e das costas.

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Ela afirma que quer uma menina e que não perdeu a esperança.

``Não temos uma vida urbana onde as famílias querem limitar o número de filhos para um ou dois...Na nossa comunidade os números significam força, uma casa precisa de três ou quatro filhos.''

CASA, EMPREGO E ESPERANÇA

A catástrofe de 26 de dezembro de 2004 gerada por um forte terremoto na região da Indonésia matou mais de 231.000 pessoas em uma dúzia de países no Oceano Índico.

A Índia foi elogiada pelo fornecimento de ajuda às vitimas, mas a construção de moradia permanente é lenta.

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Preeti Das, coordenador da agência de desenvolvimento ActionAid, disse que logo depois do tsunami houve um fluxo grande de ajuda, mas pouca preocupação com necessidades culturais.

``Por este motivo, apesar dos dois anos, muita gente ainda não recebeu abrigo permanente mesmo sem haver falta de fundos'', disse Das.

A família de Tamilsevi recebeu promessas de ter uma nova casa no final da segunda e última fase de construção no distrito.

``Até agora foram completadas 6.000 casas'', disse Tenkasi Jawahar, do governo de Nagapattinam. ``Cerca de 8.000 famílias ainda estão em abrigos temporários e esperamos levá-las para moradias permanentes até o final de março.''

Os moradores foram consultados a respeito da reconstrução, disse, mas acrescentou que algumas pessoas terão que se adaptar.

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``A parte de ajuda terminou, agora é a fase de reabilitação. Construímos as casas longe do mar por motivos de segurança e pela disponibilidade de terrenos'', disse.

Para Iraivan, de 30 anos, marido de Tamilselvi, que estava no mar quando as ondas gigantes atingiram a comunidade, o oceano oferece um escape para a tristeza.

``As viagens de pesca de três ou quatro dias me ajudam a manter a mente longe da tragédia'', disse. ``Mas a vida tornou-se tediosa e infeliz para a minha esposa, por causa da solidão.''