Praça da Cidade Velha, em Praga, capital da República Tcheca, iluminada e decorada para o Natal, 29 de novembro| Foto: EFE/EPA/MARTIN DIVISEK
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A Comissão Europeia (CE) teve que suspender, na terça-feira, a distribuição de um guia interno que promovia o uso de linguagem inclusiva e com neutralidade de gênero entre os seus funcionários, depois que o documento foi alvo de críticas e acusações de ser uma "tentativa de cancelar o Natal".

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O trecho que causou maior controvérsia foi a recomendação para "evitar pressupor que todos são cristãos" e substituir a saudação "Feliz Natal" por "Boas Festas".

"Nem todos celebram as festas cristãs, e nem todos os cristãos as celebram nas mesmas datas", diz o guia, que tinha sido lançado em 26 de outubro.

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Helena Dalli, comissária de Igualdade da CE, justificou a decisão de cancelar o guia: "Foram levantadas preocupações com relação a alguns exemplos fornecidos nas Diretrizes sobre Comunicação Inclusiva, que, como é habitual com tais diretrizes, é um trabalho em andamento", disse Dalli pelo Twitter. "Estamos examinando essas questões com o objetivo de abordá-las em uma versão atualizada das diretrizes".

Em um breve comunicado publicado pela Comissão Europeia, Dalli afirma que essa versão do guia "não serve adequadamente ao seu propósito. Ele não é um documento maduro e não preenche todos os requisitos de qualidade da Comissão".

"As recomendações claramente precisam ser mais trabalhadas. Portanto, eu retiro as recomendações e trabalharei mais nesse documento", conclui a comissária de Igualdade.

O guia pedia à equipe "nunca dirigir-se ao público como 'senhoras e senhores', mas usar expressões como 'prezados colegas'". Outra recomendação aos oficiais era a de perguntar às pessoas por quais pronomes elas gostariam de ser tratadas.

O organismo aconselhava evitar referências religiosas, porque é preciso "estar sensível ao fato de que as pessoas têm tradições religiosas diferentes". Por isso, expressões como "período de Natal" deveriam ser substituídas por "período de férias".

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O documento também orientava a não usar a expressão "nome de batismo", mas sim "primeiro nome". Da mesma forma, não é recomendado o uso de nomes que são "tipicamente de uma religião". Por exemplo, é melhor usar "Malika e Julio" em vez de "Maria e João" para descrever um casal internacional.

As orientações também incluíam evitar o uso de "palavras de gênero", como "feito pelo homem", termo que deveria ser substituído por "sintético".

Críticas

O documento interno da Comissão Europeia foi alvo de críticas por diversos políticos europeus, incluindo acusações de que o documento é um "ataque ao bom senso".

Um artigo no jornal italiano Il Giornale alegou que as orientações eram uma tentativa de "cancelar o Natal". Em seguida, vários políticos manifestaram sua oposição aos conselhos.

"Esse era um documento absurdo e errado. Uma comunidade não tem medo de suas raízes. E identidade cultural é um valor, e não uma ameaça", argumentou o ex-premiê italiano Matteo Renzi.

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"Inclusão não significa negar as raízes cristãs [da União Europeia]", tuitou Antonio Tajani, ex-presidente do Parlamento Europeu e membro do Força Itália, partido de Silvio Berlusconi. "Vida longa à Europa do bom senso!", disse Tajani após a CE voltar atrás.

O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, disse ao Vatican News: "Claro, sabemos que a Europa deve a sua existência e sua identidade a numerosas contribuições, mas nós certamente não podemos nos esquecer de que uma das maiores contribuições, se não a principal, tem sido o próprio Cristianismo".

"A Comissão Europeia considera que as celebrações do Natal não são suficientemente inclusivas. No alvo também estão os nomes Maria e João. O motivo? Eles podem ser ofensivos aos não cristãos", disse Giorgia Meloni, líder do partido nacionalista Irmãos de Itália. "Em nome de uma ideologia sinistra, eles querem suprimir a cultura de um povo".