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O papa Bento XVI demonstrou, nesta quarta-feira, a esperança de que sua próxima carta aos católicos irlandeses sobre o escândalo de abusos sexuais cometidos por clérigos na Irlanda contribua para o processo de "arrependimento, cura e renovação". Em sua audiência geral semanal, o pontífice anunciou que na sexta-feira firmará uma carta pastoral e em breve enviará o texto aos fiéis.

Bento XVI reconheceu que a Igreja Católica na Irlanda tem sido "duramente sacudida" pela crise, e que ele mesmo estava "profundamente preocupado". O papa convocou os bispos da Irlanda para uma reunião especial no Vaticano, no mês passado, para analisar as consequências da crise.

O encontro ocorreu em meio a denúncias de escândalos sexuais similares na Igreja Católica na Alemanha e em outros países da Europa.

Três investigações abertas pelo governo irlandês - na Arquidiocese de Dublin, na diocese de Ferns, no sul do país, e numa rede extinta de escolas católicas para crianças pobres - descobriram uma quantidade chocante de abusos sexuais contra crianças e tentativas da Igreja esconder os crimes, entre 1930 e 1990. Mais de 15 mil crianças teriam sofrido abusos nesse período na Irlanda.

Vários bispos irlandeses aceitaram renunciar, incluídos dois que deixaram os cargos no Dia de Natal, mas outros se recusaram a isso. Nesta quarta-feira, o cardeal irlandês Sean Brady, disse na missa do Dia de São Patrício que ele refletirá sobre seu papel nos escândalos e que está incerto sobre o que o futuro lhe reserva. Brady tem enfrentado repetidos pedidos para que renuncie ao cargo, após a revelação de que ele conversou com duas vítimas de um padre notoriamente pedófilo, há 35 anos, mas não avisou a polícia sobre os crimes.

"Eu escutei a reação das pessoas ao meu papel nos eventos de 35 anos atrás. Eu quero dizer a qualquer um que foi atingido por qualquer falha da minha parte que eu peço desculpas a vocês, de todo o coração", disse Brady.

Alemanha

Também nesta quarta-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, tratou das denúncias de abusos de religiosos da Igreja Católica em seu país. Segundo Merkel, a única forma de tratar a questão é "descobrir tudo que aconteceu". Merkel lembrou que o abuso de menores é "um crime desprezível", notando que o sofrimento das vítimas "nunca pode ser totalmente reparado".

Apenas no Estado da Baviera, de onde o papa é oriundo, mais de 100 ex-estudantes católicos denunciaram abusos físicos ou sexuais cometidos por religiosos no passado. Em sua fala desta quarta-feira, Bento XVI não mencionou a Alemanha.

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