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O embaixador brasileiro em La Paz, Frederico Cezar, definiu como "complexas e tensas" as relações do Brasil com a Bolívia, após a rescisão de um contrato com a construtora brasileira Queiroz Galvão pelo governo de Evo Morales, que nesta quarta-feira se disse disposto a resolver o incidente com a companhia.

"Nossas relações bilaterais são complexas e tensas. Mas nossa relação é assim, já que temos a maior fronteira com a Bolívia", afirmou terça-feira o embaixador brasileiro, Frederico Cezar de Araújo, antes de uma reunião com o presidente Evo Morales na sede da presidência para analisar a situação da construtora.

Araújo e o presidente discutiram a decisão tomada há duas semanas pelo governo boliviano de romper o acordo, que havia sido firmado com a companhia Queiroz Galvão para a construção de uma importante estrada de 443 quilômetros ligando os departamentos bolivianos de Potosí e Tarija (sul do país), após ter detectado falhas técnicas na obra.

A obra contava com um financiamento da Proex (Promoção de Financiamento às Exportações) do Banco do Brasil (US$ 120 milhões) e da Corporação Andina de Fomento (CAF) (US$ 60 milhões), além de fundos públicos locais.

Depois do encontro com o presidente boliviano, o embaixador brasileiro disse que "queria ouvir de 'don Evo' a percepção, as dificuldades e como podemos prosseguir neste processo de fortalecer as relações entre Bolívia e Brasil".

Para o governo boliviano, no entanto, a reunião do presidente com o diplomata "serviu para fortalecer as relações que temos entre Bolívia e Brasil e demonstrar que são boas", declarou o porta-voz da presidência Alex Contreras.

A respeito das declarações do embaixador brasileiro, Contreras negou que exista um ambiente tenso entre os vizinhos. "Temos demonstrado que não são tensas, são relações muito boas", definiu.

Os dois países tentam agora encontrar uma solução para o conflito envolvendo a construtora. O governo concedeu à Queiroz Galvão a oportunidade de esclarecer os relatórios técnicos negativos sobre sua responsabilidade na má execução de uma obra viária no sul da Bolívia.

O porta-voz boliviano informou que os executivos da construtora brasileira devem se reunir com o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, a quem poderão expor seus pontos de vista em relação aos questionamentos que pesam contra a companhia.

As relações entre Brasília e La Paz têm passado por alguns sobressaltos desde maio de 2006, quando Morales resolveu nacionalizar as jazidas de gás do país. A decisão afetou principalmente a estatal Petrobras, que em maio deste ano havia adquirido duas refinarias, privatizadas pela empresa brasileira em 1999.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem o presidente chegou a chamar algumas vezes de "meu irmão maior", reconheceu a soberania da Bolívia para definir sua política de hidrocarbonetos. A atitude de Lula foi muito criticada pela oposição brasileira.

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