Apuração oficial confirma Vázquez e Lacalle em 2º turno no Uruguai

• 0

Os candidatos Tabaré Vázquez, da Frente Ampla (FA), e Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional (PN), disputarão um segundo turno para definir o futuro presidente do Uruguai, segundo os resultados oficiais das eleições presidenciais e legislativas realizadas no domingo (26).

Com 85% das urnas apuradas, o equivalente a 1.986.260 votos, Vázquez, o candidato do governo, soma 913.351 votos e Luis Lacalle Pou, o principal da oposição, chega a 623.902 votos.

A votação do segundo turno, em 30 de novembro, definirá o sucessor do presidente José Mujica.

Em um distante terceiro lugar está o candidato do Partido Colorado, Pedro Bordaberry, com 262.686 votos e, mais atrás, o aspirante do Partido Independente, Pablo Mieres, com 57.735.

Bordaberry foi rápido em declarar apoio a Lacalle no segundo turno, dizendo que ele possuía "os melhores valores" entre os dois concorrentes.

"Vou trabalhar todas as horas dos próximos 34 dias para assegurar que Lacalle Pou vença no segundo turno", disse Bordaberry, filho de um ex-ditador, a seus apoiadores.

Entre os partidos menores e até agora sem representação parlamentar, a Assembleia Popular soma 20.066 votos e está perto de ganhar um lugar na Câmara dos Deputados. O Partido Ecologista Radical Intransigente reúne 13.375 votos e o Partido dos Trabalhadores 2.529. Ao todo, as eleições somaram 36.302 votos brancos e 27.812 nulos.

Os dados coincidem com as pesquisas de boca de urna que indicavam que o ex-presidente Vázquez e Lacalle Pou participariam de um segundo turno na disputa pela presidência, com entre 41% e 46% dos votos e 31% e 34%, respectivamente.

Em função destes resultados, a Frente Ampla perderia sua maioria na Câmara dos Deputados e briga voto a voto por mantê-la no Senado.

Um total de 2.620.791 uruguaios foram convocados a comparecer as urnas, em eleições com voto obrigatório.A Corte Eleitoral estima que os resultados completos da apuração saiam ainda nesta segunda.

Frente Ampla

Vázquez, 74, levou a Frente Ampla ao poder em 2005. Com uma mistura de políticas pró-mercado e medidas de bem-estar social que levaram a uma forte redução das taxas de pobreza, ele angariou um grande apoio, mas foi barrado pela Constituição de tentar a reeleição.

Seu aliado mais próximo, o atual presidente José Mujica, que vai deixar o poder, deu continuidade ao modelo, que permanece popular.

Contudo, muitos uruguaios se desencantaram com a escala das reformas sociais promovidas por Mujica, incluindo a legalização do aborto, do casamento gay e da produção e distribuição de maconha."Então agora nós matamos bebês e o Estado vai vender maconha", disse Adriana Herrera, uma pensionista de 68 anos. "Minha frustração não é só com as políticas de doações, mas também com as leis que tem sido aprovadas, que são terríveis para o país."

Lacalle Pou, 41, emergiu como um candidato forte após uma inesperada vitória nas primárias de seu partido, e fez uma campanha sobre uma plataforma calcada na mudança. Ele disse à Reuters na semana passada que tentaria, em caso de vitória, revogar a produção e venda de maconha sob supervisão do Estado.Enquanto os mercados financeiros acreditam na robustez das políticas econômicas da Frente Ampla, alguns analistas dizem ser mais provável que Lacalle Pou, caso vença, governe em um ambiente econômico com déficit fiscal acima da meta e uma inflação próxima dos dois dígitos.