"No Brasil vocês pensam que o Haiti é o inferno", desabafa Espera Edwigt, haitiano de 24 anos que trabalha com a ONG Viva Rio desde 2007. Há um ano, ele sentiu o tremor de dentro da sede da organização. Desde então, de intérprete transformou-se num "faz-tudo". Chegou a ir ao Brasil, durante cinco meses, onde recebeu treinamento de brigadista e radialista pela organização carioca. Elaborou um projeto próprio para criar uma brigada haitiana que funcione 24 horas, mas, por enquanto, o custo da implementação é muito alto.
Do português, aprendeu até as gírias. Só não gostava quando assistia a reportagens sobre seu país natal e identificava o que considera "exageros". "No Haiti existe uma tradição de produzir biscoitos que levam terra na receita. Quem come isso são grávidas e crianças, é algo antigo. De repente, vejo na televisão uma denúncia de que os haitianos passam tanta fome que estão comendo até terra. Não é verdade", diz.
A reportagem da Gazeta do Povo chegou ao Haiti ontem, no mesmo voo de Edwigt. Ele se dispôs a mostrar o que seu país tem de bom, mas que não é mostrado pela mídia. Por outro lado, ele admite que o país precisa de um novo começo. Falta água, educação, saúde e tratamento de lixo. "Mas, sinceramente, não posso acreditar que nem a ONU nem as ONGs possam fazer com que tudo isso aconteça. No máximo, podem mostrar ao governo o que ele deveria estar fazendo", afirma ele, desconfiando que os voluntários internacionais são a saída para a reestruturação do país.
- "Ordens são dadas, mas ninguém faz nada"
- República das ONGs
-
Um guia sobre a censura e a perseguição contra a direita no Judiciário brasileiro
-
O “relatório da censura” e um momento crucial para a liberdade de expressão
-
Braço direito de Moraes no STF já defendeu pena de morte e é amigo de Val Marchiori
-
Três governadores e 50 parlamentares devem marcar presença no ato pró-Bolsonaro de domingo