O vice-presidente argentino, Amado Boudou, acusou o governo do Reino Unido de tentar encobrir assuntos internos desse país, como o desemprego e o separatismo escocês, com bravatas em relação às ilhas Malvinas.
"A população (britânica) está muito mal e estão tentando tapar esta situação com estas bravatas que estamos vendo", afirmou Boudou nesta quinta-feira à emissora de rádio "La Red", de Buenos Aires.
A tensão entre Reino Unido e Argentina pela soberania das Malvinas foi aumentando nas últimas semanas perante a proximidade do 30º aniversário da guerra argentino-britânica de 1982, quando o país sul-americano era governado por uma ditadura.
A Argentina, cujas tropas ocuparam o arquipélago, foi derrotada na disputa pelo domínio das ilhas, sob soberania britânica desde 1833. Na guerra, de abril a junho de 1982, morreram 255 britânicos, três ilhéus e 649 argentinos.
"Na Europa há uma falta de liderança muito grande e estão tentando encobrir, como fizeram os militares aqui, os problemas de desemprego e os problemas de insatisfação social com assuntos de alto impacto midiático. Buscam tapar a realidade diária com uma questão que está muito distante deles, como as Malvinas", opinou o vice-presidente.
Boudou fez estas declarações depois que o Reino Unido anunciou nesta semana que enviará em breve às Malvinas um de seus navios de guerra mais modernos, o destróier HMS Dauntless", mas assegurou que a operação estava planejada há muito tempo.
William
No entanto, o príncipe William, neto da rainha Elizabeth II, empreendeu nesta quarta-feira (1) uma viagem às ilhas do Atlântico Sul para tarefas de treinamento.
As recentes medidas de Londres buscam esconder questões "de política interna da Grã-Bretanha, que vão desde o grande desemprego e a questão separatista da Escócia", insistiu Boudou.
Acusou o Governo britânico ainda de tentar "impor políticas extrativas de hidrocarbonetos e de pesca" nas Malvinas, o que definiu como "a face econômica do colonialismo".
"O colonialismo como estrutura política é uma vergonha que nossa humanidade guarda do século 17 e 18. Restam muito poucos enclaves, e as Malvinas são um deles", expressou Boudou.
Reiterou, além disso, que a Argentina continuará com sua reivindicação de soberania das ilhas através das vias diplomáticas e em sintonia com as resoluções das Nações Unidas, que pedem a ambos países que negociem este assunto.
Em dezembro os países do Mercosul - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - decidiram bloquear a entrada em seus portos de navios com bandeira das Malvinas.
Diplomatas britânicos acreditam que a Argentina tenta organizar um bloqueio econômico às Malvinas e impedir a saída do único voo da chilena LAN que une essas ilhas ao continente americano, afirmou nesta quarta-feira o jornal "The Guardian".
Há duas semanas, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, informou ao Parlamento que tinha convocado o Conselho Nacional de Segurança para tratar a situação no Atlântico Sul e acusou a Argentina de "colonialismo" por reivindicar a soberania.
Em resposta a esta afirmação, o Governo argentino considerou "ofensiva" a declaração de Cameron e destacou os resultados de sua estratégia para somar apoios de outros países a sua reivindicação.
- Príncipe William chega às Malvinas para missão de seis semanas
- Argentina pede ao Reino Unido "mais diplomacia" e "menos armas"
- Londres envia destroier para perto das Malvinas
-
Ato de Bolsonaro no Rio reforça reação à censura e busca união da direita nas urnas
-
Entenda o papel da comissão do Congresso dos EUA que revelou os pedidos sigilosos de Moraes
-
PF usou VPN para monitorar publicações de Rodrigo Constantino no exterior
-
Brasileiro é o maior pagador de impostos do Paraguai: “É fácil de entender e mais barato”