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Pessoas caminham pela estação ferroviária Constitución, em Buenos Aires, Argentina, 24 de agosto
Pessoas caminham pela estação ferroviária Constitución, em Buenos Aires, Argentina, 24 de agosto| Foto: EFE/ Juan Ignacio Roncoroni

O governo argentino decidiu na terça-feira prorrogar as restrições à exportação de carne bovina até 31 de outubro, a fim de conter os aumentos de preços no mercado interno, de acordo com uma norma publicada no Diário Oficial do país.

Em 17 de maio, o governo havia ordenado a suspensão das exportações de carne por um período de um mês. Posteriormente, em 22 de junho, anunciou o restabelecimento das exportações, mas com restrições sobre os cortes e volumes de remessas.

Até o final deste ano, os cortes mais populares para os argentinos não podem ser exportados, assim como também estavam proibidas as remessas até 31 de agosto que excedessem 50% da média do que foi exportado no ano passado. Na resolução publicada nesta terça-feira, o governo prorrogou as restrições de exportação de 50% até 31 de outubro.

Na resolução, o governo alegou que "o impacto das medidas que limitaram temporariamente as vendas ao exterior começou a mostrar resultados positivos" e que, após dois meses em vigor, "os preços se estabilizaram e até mostraram alguma retração em diferentes etapas da cadeia".

O governo reconheceu que "a solução estrutural para a tensão entre o mercado externo e o mercado interno está ligada a medidas para aumentar a produção", mas indicou que, "a curto prazo, a ferramenta de limitar as vendas ao exterior é essencial para garantir o acesso" dos argentinos à carne bovina diante do "forte aumento" dos preços.

A Argentina registrou uma inflação anual de 51,8% em julho, de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec).

Setor agropecuário critica

As quatro maiores organizações agropecuárias da Argentina rejeitaram a medida adotada nesta terça-feira e ressaltaram que estão analisando a possibilidade de voltarem a suspender a comercialização de gado, como fizeram no final de maio.

"Não vamos manter uma postura negociadora e passiva. Estamos nos movendo para uma etapa mais ativa para mostrar o mal-estar que existe no campo. Certamente haverá reuniões de produtores, visitas ao interior, assembleias e suspensão da comercialização, entre outras ações", disse Jorge Chemes, presidente da Confederaciones Rurales Argentinas, uma das quatro maiores organizações de empregadores agropecuários do país, em entrevista coletiva.

Prejuízos milionários

Segundo cálculos do Instituto de Estudos Econômicos da Sociedade Rural Argentina, o setor de gado e cortes bovinos acumulou prejuízos de US$ 1,084 bilhão desde 15 de abril, quando o governo de Alberto Fernández lançou uma série de medidas para tentar conter o aumento do preço da carne no mercado interno.

Segundo os cálculos da organização, dessa perda total, a maior fatia foi dos produtores de gado, de US$ 411 milhões. Os prejuízos nas fábricas de processamento de carne atingiram US$ 165 milhões, e houve uma redução total de US$ 59 milhões em salários de trabalhadores do setor.

A Argentina é um dos maiores consumidores de carne bovina per capita do mundo, com 45 quilos por ano, e é também a quinta maior produtora e quarta maior exportadora de carne bovina do mundo.

Até que as restrições fossem implementadas, o país enviou 30% de sua produção para o exterior, totalizando US$ 2,719 bilhões em vendas em 2020, impulsionadas pela demanda da China.

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