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Buenos Aires (EFE) – Os governos da Argentina e Uruguai tentaram baixar esta semana o tom do conflito envolvendo a construção de fábricas de papel em território uruguaio, após a intervenção de seus respectivos embaixadores. Diplomatas de ambos os países mantiveram na segunda-feira contatos para encontrar uma saída para a crise provocada pela decisão do Uruguai de convocar no domingo seu embaixador em Buenos Aires como sinal de desaprovação às declarações do governador da província argentina de Entre Ríos, Jorge Busti, em rejeição às fábricas.

Busti disse que houve "incentivos" do Uruguai para que a finlandesa Botnia, cujas negociações estão mais avançadas, e a espanhola ENCE decidissem instalar fábricas no país, com investimentos milionários.

As partes decidiram evitar novas declarações polêmicas que agravassem ainda mais o mal-estar. As fontes afirmaram que em nenhum momento foi abalado o bom relacionamento entre ambos os chefes de Estado, Néstor Kirchner, da Argentina, e Tabaré Vázquez, do Uruguai.

A Chancelaria argentina, que no domingo também convocou seu embaixador em Montevidéu, ressaltou que o governo de Buenos Aires "está plenamente convencido de que as autoridades uruguaias não agem motivadas por nenhum outro motivo que não seja o de sua interpretação da melhor defesa de seus interesses nacionais".

Em comunicado, o governo afirmou que "até o momento" os interesses uruguaios se "contradizem" com os do governo argentino e os da província de Entre Ríos, cujo território, sobre o rio Uruguai, faz fronteira com a cidade uruguaia de Fray Bentos, onde estão sendo construídas as fábricas.

A chancelaria reiterou a "firme decisão" de dar prosseguimento a "todas as ações e recursos necessários" para proteger o meio ambiente no rio Uruguai.

O comunicado afirma o desejo de que a controvérsia "não continue sendo utilizada por setores interessados em agravar a situação do governo e do povo argentino, com intenções e atitudes que contradizem seu compromisso estratégico com o processo de integração regional, em particular a decisão de aprofundar sua histórica relação fraternal" com o Uruguai. A nota pediu ainda às autoridades uruguaias o fornecimento das informações necessárias para a comissão técnica bilateral avaliar o impacto ambiental das fábricas de papel.

O governador de Entre Ríos disse às rádios locais que já havia explicado o "mal-entendido" ao chanceler argentino, Rafael Bielsa, que considerou as explicações "satisfatórias". O governante esclareceu que, quando se referiu a "incentivos" para a instalação das fábricas em Fray Bentos, se referiu ao "grande incentivo econômico" que representa para o Uruguai esse projeto, que trará ao país investimentos de US$ 1,8 bilhões. A construção das fábricas deu origem a várias marchas de protesto organizadas por habitantes e ecologistas da cidade argentina de Gualeguaychú e da uruguaia de Fray Bentos.

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