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Nova Iorque – Os Estados Unidos e países asiáticos – sobretudo China e Coréia do Sul – lançaram ontem um cerco diplomático para dissuadir a Coréia do Norte de pôr em prática o plano, anunciado na terça-feira, de testar sua primeira bomba atômica.

Os chineses, em geral menos agressivos com os radicalismos norte-coreanos, publicaram comunicado em que exortam o regime de Pyongyang a mostrar "calma e comedimento’’.

A Coréia do Sul, por suas vez, exige que o vizinho do norte não leve os testes a cabo. Pyongyang ainda não fixou uma data para a ousada iniciativa, mas o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores sul-coreano, Choo Kyu-ho, disse que o simples anúncio causa "grave preocupação e mal-estar’’.

Sanções

Nas Nações Unidas, o Conselho de Segurança estudou um projeto de resolução elaborado pelo Japão, segundo o qual um teste nuclear ameaçaria a paz na região. O texto se refere "à profunda preocupação’’ da comunidade internacional e também alerta a Coréia do Norte – cujo regime sofre os efeitos de um longo isolamento diplomático – para as conseqüências de seus gestos.

O conselho alerta que poderá adotar medidas previstas pela Carta do organismo internacional, eufemismo para sanções. A resolução não será votada por enquanto e não há data para que isso ocorra. Adotando uma tramitação mais longa para permitir que Pyongyang formalize um possível recuo, o projeto japonês será enviado aos governos dos cinco membros permanentes e dos dez outros do conselho.

Em termos de mobilização regional, a Coréia do Sul, o Japão e a China agendaram encontros de primeiro escalão para discutir a crise e evitar que os norte-coreanos formalizem a ameaça do primeiro teste nuclear. Um dos pontos consensuais consiste em pressionar a Coréia do Norte a retomar as negociações com o chamado Grupo dos Seis, do qual fazem parte as duas Coréias, os Estados Unidos, a Rússia, o Japão e a China.

O grupo se desativou no ano passado, depois que Pyongyang exigiu negociações bilaterais com o governo norte-americano para a suspensão do congelamento de seus depósitos bancários no exterior, adotado por Washington em resposta à decisão norte-coreana de prosseguir em seu programa nuclear.

A Coréia do Norte foi enquadrada no "eixo do mal’’ pelos Estados Unidos, ao lado do Irã, que também quer a bomba.

Sem rodeios

O anúncio dos testes foi a primeira manifestação clara da Coréia do Norte sobre a intenção bélica de seu programa nuclear. Até pouco tempo atrás, o país admitia apenas o enriquecimento de urânio, prática legal sob o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, o TNP, assinado apenas por parte das potências nucleares do planeta (veja quadro acima). O enriquecimento, no entanto, é a parte mais delicada do ciclo do combustível nuclear, já que, dependendo do método empregado, pode ser usado tanto para fins civis como para fins militares.

Especialistas consideram que a Coréia do Norte tem plutônio suficiente para carregar 11 bombas nucleares. Não há, no entanto, certeza de que o país já tenha desenvolvido o armamento.

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