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Os cachorros modernos são resultado de milhares de anos de aprimoramento genético realizado pelo homem, mas os primeiros canídeos aparentemente foram domesticados na Ásia Central. É o que revela o maior estudo genético já realizado com a espécie, que envolveu a análise do DNA de 4.676 animais de raça e 549 vira-latas de 38 países.

Os resultados foram publicados na terça-feira (20), Na revista científica “PNAS”.

“Pelo fato de termos olhados tantos vira-latas de diferentes regiões do mundo nos permitiu estreitar os padrões de diversidade nesses cachorros”, disse à BBC Adam Boyko, pesquisador da Universidade Cornell e líder do estudo.

A domesticação dos cães é o tipo de evento que poderia ter acontecido de forma independente, em diferentes regiões do planeta, mas o DNA dos cachorros modernos não aponta nesse sentido. De acordo com a análise genética, esses animais derivaram de lobos selvagens, e foram introduzidos em grupos humanos de caçadores, provavelmente na região onde hoje se situam a Mongólia ou o Nepal.

“Aparentemente existe uma origem única, apesar de haver situações claras onde ocorreu um pouco de fluxo gênico entre lobos e cães pós-domesticação”, disse Boyko.

Esse não é o primeiro estudo genético que tenta traçar a origem dos cães domésticos. Pesquisas anteriores já apontaram o surgimento do melhor amigo do homem no Oriente Médio, provavelmente se alimentando de restos de alimentos de antigos fazendeiros, no Leste Asiático e na Europa. Esse último estudo é o mais abrangente, mas talvez não encerre o debate.

Para Boyko, a localização da origem dos cães pode estimular futuras pesquisas. Uma das próximas linhas de análise pode ser o estudo do DNA de restos de cachorros encontrados em sítios arqueológicos. Isso poderia apoiar ou refutar a hipótese de domesticação na Ásia Central.

Apesar das diferenças na localização da origem, praticamente todos os estudos apontam que a espécie descende de ancestrais dos lobos, e surgiu há cerca de 15 mil anos, mas as razões para o aparecimento continuam opacas.

“Não existe dúvida que eles circulavam próximos de campos de caça e tornaram-se, gradualmente, mais sintonizados com a vida humana. A questão é sobre qual foi o primeiro passo para que isso acontecesse”, disse Boyko.

“É tentador perguntar se tinha algo a ver com a caça. Eu acho que está claro que a limpeza das carcaças dos animais mortos pelo homem deve ter sido uma das forças motoras. Eles se uniram a nós, o que foi uma aposta muito boa, porque existem cerca de um bilhão de cachorros no mundo hoje e, provavelmente, nem 10 milhões de lobos”, concluiu.

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