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Agentes da inteligência militar síria e moradores da cidade de Deir al-Zor, no leste do país, entraram em confronto na sexta-feira, após a morte de cinco manifestantes, disseram testemunhas. Teria sido um desafio armado sério ao presidente Bashar al-Assad.

Milhares de sírios saíram às ruas de todo o país pela 17a sexta-feira consecutiva, reivindicando o fim do governo de Assad, disseram ativistas pelo telefone, desafiando a repressão militar crescente contra o levante em que se reivindicam liberdades políticas.

Ativistas dos direitos humanos disseram que as forças de segurança mataram um civil a tiros quando dispararam contra manifestantes no povoado de Museifra, no sul do país.

Segundo eles, os manifestantes foram alvejados por disparos na cidade vizinha de Deraa, berço do levante, nas cidades costeiras de Banias e Latakia e em Hajar al-Assad, um subúrbio de Damasco habitado principalmente por refugiados das Colinas de Golã, ocupadas por Israel.

A agência oficial de notícias da Síria disse que um membro da polícia de segurança foi morto na cidade de Albu Kamal, na fronteira com o Iraque, e que sabotadores explodiram uma bomba num oleoduto usado na exportação de petróleo perto da cidade de Homs, no centro do país, na sexta-feira.

O ataque provocou um vazamento de óleo, segundo a agência. Uma das duas refinarias de petróleo do país fica em Homs e foi atingida por grandes protestos de rua. Assad deslocou tanques em Homs.

Desde que o levante começou, as autoridades sírias expulsaram do país a maioria dos jornalistas independentes, dificultando a verificação dos relatos sobre enfrentamentos, e elas normalmente não comentam notícias sobre mortes.

"Nosso objetivo principal é a queda do regime," disse um pregador aos fiéis reunidos na praça Orontes, na cidade de Hama, palco de um massacre militar nos anos 1980.

A revolta popular contra quatro décadas de governo repressor da família Assad vem acontecendo há cinco meses e está ganhando tonalidades sectárias, com manifestantes da maioria sunita opondo-se à minoria alauíta que é dominante na elite que detém o poder.A inteligência militar, encarregada de garantir a lealdade a Assad por parte da base do exército, em sua maioria sunita, vem liderando as operações de repressão no leste tribal sunita da Síria, uma região estratégica de produção de petróleo situada perto da fronteira com o Iraque.

Muitos habitantes da região possuem armas porque, no passado, o governo armou as tribos do leste, que têm vínculos estreitos com o Iraque, para que servissem de contrapeso à população curda do país, boa parte da qual vive em regiões adjacentes à província de Deir al-Zor.

No domingo, Assad substituiu o governador civil da província de Deir al-Zor, colocando em seu lugar o diretor do maior presídio do país, dois dias depois das maiores manifestações pró-democracia ocorridas na província até agora. Na semana passada, o exército cercou a cidade de Albu Kamal, na extremidade oriental de Deir al-Zor, depois de 30 soldados terem desertado após a morte a tiros de quatro manifestantes. A informação é de moradores.

Deir al-Zor está ao centro da produção diária de óleo do país, de 380 mil barris, mas é uma das mais pobres das 13 províncias da Síria, afetada pela seca e a má administração

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