O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, não tem como deixar seu refúgio na embaixada equatoriana em Londres sem ser preso, mesmo se o governo do Equador lhe conceder asilo, afirmam advogados. O australiano está na embaixada há oito semanas, desde que perdeu uma batalha jurídica para evitar ser extraditado para a Suécia, onde ele é procurado para responder a uma acusação de estupro.

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Assange nega as acusações feitas por duas voluntárias do WikiLeaks. Ele teme que a Suécia o envie para os Estados Unidos, onde acredita que as autoridades querem puni-lo pela publicação de milhares de cabos diplomáticos norte-americanos secretos no WikiLeaks em 2010, em um caso que causou grande constrangimento para Washington.

O presidente do Equador, Rafael Correa, que é declaradamente simpático a Assange, deve decidir sobre o pedido de asilo nesta semana. No entanto, a aprovação não significaria uma proteção legal na Grã-Bretanha, onde a polícia deverá prendê-lo assim que tiver uma chance. "A questão do asilo é uma falsa questão", disse o ex-advogado do governo britânico Carl Gardner.

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Assange, que também pode ser preso por não ter pago fiança, ainda teria de encontrar uma maneira de viajar do centro de Londres para a América do Sul sem passar por território britânico. "Não consigo ver o Reino Unido recuando e lhe dando um salvo-conduto para sair do país", disse a especialista em extradição Rebecca Niblock, do escritório de advocacia londrino Kingsley Napley.

"Acho que o Reino Unido verá suas obrigações sob o sistema de extradição europeu sobrepujando quaisquer relações diplomáticas com o Equador, que não parece não estar considerando suas relações diplomáticas com o Reino Unido, aparentemente."

Instalação

Assange estará protegido da prisão se viajar em um carro diplomático, mas a embaixada fica no primeiro andar de um prédio vigiado pela polícia dia e noite. O prédio alto de tijolos vermelhos fica bem atrás da loja de departamentos Harrods e também abriga a embaixada colombiana e apartamentos particulares. Uma van da polícia estava estacionada diante da entrada principal nesta quarta-feira (15) e policiais patrulhavam a área em duplas.

A propriedade tem várias entradas com portões e um estacionamento privado, mas a embaixada equatoriana não tem ligação interna com nada disso, tornando a entrada principal o único ponto de saída, disse um administrador da segurança do prédio à Reuters.

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"Não há outra saída. Ele terá de sair pela entrada principal", afirmou o administrador, que pediu para não ter seu nome divulgado. "Não há como trazer um veículo porque o estacionamento é particular e não está conectado de nenhuma forma com o estabelecimento deles." Ele acrescentou: "Ele pode sair por uma janela, claro, mas há câmeras de CCTV por todos os lados."

Mesmo que ele consiga de alguma forma sair do prédio e entrar em um carro sem a polícia perceber, teria de sair do carro em algum ponto para embarcar em um avião a fim de deixar a Grã-Bretanha, o que seria uma nova oportunidade para sua prisão.

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