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O quarteto está comemorando a conquista do Disco de Ouro | Divulgação/Prime Shows
O quarteto está comemorando a conquista do Disco de Ouro| Foto: Divulgação/Prime Shows

Ataque em universidade dos EUA mata pelo menos 33 pessoas

Polícia ainda não sabe o que motivou o atentado na Universidade Técnica de Virgínia.

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O assassino de 32 pessoas da Universidade Técnica de Virgínia, nos Estados Unidos, enviou uma correspondência ao departamento de jornalismo da emissora de TV norte-americana NBC, em Nova York, anunciou a polícia nesta quarta-feira (18). O material pode ter evidências do que aconteceu nas duas horas de intervalo entre os dois ataques realizados por ele no campus, já que foi enviado neste período.

"Mais cedo hoje, a NBC em Nova York recebeu correspondência que acreditamos que tenha sido enviada por Cho Seung-hui, o assassino responsável pela tragédia em Norris Hall", informou o porta-voz policial Steve Flaherty, referindo-se ao prédio no campus, no qual o jovem sul-coreano, de 23 anos, entrou armado.

Segundo a NBC, o material recebido é "perturbador, violento e raivoso", e foi entregue imediatamente às autoridades norte-americanas, que ainda não revelaram seu conteúdo nem informaram se ele vai ser liberado. A correpondência continha várias fotografias, vídeos e textos escritos.

Segundo o âncora da rede de TV Brian Williams, o material pode ser descrito como um "manifesto multimídia". Segundo a NBC, no vídeo, Cho fala direto à câmera e faz menção ao massacre dizendo que "isso não precisava acontecer".

O pacote recebido pela NBC foi postado nos correios às 9h01 da segunda-feira (horário local), mais de 40 minutos depois do primeiro ataque, realizado no dormitório, onde o sul-coreano matou duas pessoas.

O atirador Cho Seung-hui, de 23 anos, teve problemas com a segurança da Universidade Técnica da Virgínia, em 2005. Na ocasião, os seguranças foram chamados por duas mulheres que disseram estar sofrendo assédio do sul-coreano.

O chefe de polícia do campus, Wendell Flinchum, contou que, na época, duas estudantes denunciaram à polícia da universidade a conduta de Seung-Hui. Elas, porém, não apresentaram queixas formais, mas depois das denúncias o caso de Cho foi transferido ao sistema disciplinar da universidade.

Um colega de Cho advertiu que temia um suicídio e a polícia decidiu enviá-lo a um psicólogo. Em seguida, o sul-coreano foi internado em um hospital psiquiátrico.

"Devido à preocupação com Cho, os oficiais pediram que ele conversasse com um psicólogo. Ele foi voluntariamente ao posto policial", disse Flinchum.

"Após esta conversa com o psicólogo foi emitida uma ordem de internação temporária e Cho deu entrada em um hospital psiquiátrico", afirmou.

Todos estes fatos foram revelados na manhã desta quarta-feira (18) durante entrevista coletiva da polícia, na universidade de Virgínia. Não há registro de outras queixas contra a conduta de Cho neste sentido.

Mal-humorado

O perfil do estudante realmente era preocupante. A começar pelo seu comportamento quieto e mal-humorado. Depois, por seus textos escritos em sala de aula.

"Havia uma certa preocupação a respeito dele", disse a presidente do departamento de Inglês da universidade, Carolyn Rude. "Algumas vezes, em redação criativa, as pessoas revelam coisas que você nunca sabe se são criatividade ou se elas estão descrevendo coisas, se elas estão imaginando coisas ou o quão real isso pode ser. Mas estamos atentos para não ignorar coisas desse tipo."

Ela disse que Cho foi encaminhado para o serviço de aconselhamento, mas ela disse que não sabe quando, ou qual foi o resultado disso. Foram reveladas duas peças de teatro que escreveu.O jornal "Chicago Tribune" informou em seu site na Internet que Cho deixou um bilhete em seu quarto de dormitório que incluía uma vasta lista de desgostos. Citando fontes não identificadas, o Tribune informou que Cho havia recentemente mostrado sinais de perturbação, incluindo colocar fogo num quarto do dormitório e perseguir algumas mulheres.

A ABC, citando fontes policiais, informou que o bilhete, que se extendia por várias páginas, explicava as atitudes de Cho e dizia: "Vocês me levaram a fazer isso".

Investigadores acreditam que Cho em algum momento tenha tomado medicação para depressão, informou o Tribune.

Colegas de classe disseram que no primeiro dia de apresentações numa aula de Literatura Inglesa no ano passado, cerca de 30 alunos de Inglês se apresentaram. Quando chegou a vez de Cho, ele não falou nada.

O professor olhou para a lista de presença e, onde todos os alunos haviam escrito seus nomes, Cho havia feito uma interrogação. "É esse o seu nome, ‘Interrogação?’", teria perguntado o professor segundo a colega de classe Julie Poole. O jovem respondeu vagamente.

Cho passava a maior parte do tempo das aulas no fundo da sala, usando um chapéu e participando muito esporadicamente. Num departamento pequeno, Cho se distinguia por ser anônimo. "Ele não interagia com ninguém. Ele nunca falava", diz Poole.

"Nós só o conhecíamos de fato como o garoto da interrogação", disse Poole.

Dois ataques

O tiroteio aconteceu em dois ataques, com mais de duas horas de diferença – primeiro num dormitório, onde duas pessoas foram mortas, depois dentro de um prédio de salas de aula, onde 31 pessoas, incluindo Cho, morreram depois de serem trancadas ali, informou a Polícia Estadual da Virgínia. Cho cometeu suicídio, duas armas de fogo – de 9 e 22 milímetros de calibre – foram encontradas no prédio.

Um oficial disse que Cho tinha na mochila um recibo de compra de uma pistola Glock 9 mm, datado do mês de março março. Cho carregava seu green card, o que significava que ele era um imigrante legal, residente permanente, informaram oficiais federais. Isso significa que ele estava apto a comprar uma arma de fogo exceto se tivesse sido condenado por algum crime.

O dono da Roanoke Firearms, John Markell, disse que sua loja vendeu a Glock e uma caixa de munição para Cho há 36 dias, por US$ 571 (R$ 1.160,00).

"Ele era um garoto universitário simpático e bem vestido. Não vendemos uma arma se temos qualquer indicação de que a compra é suspeita", disse Markell. Segundo ele, não é incomum que estudantes universitários comprem armas em sua loja, desde que tenham idade suficiente.

"Descobrir que a arma veio da minha loja é simplesmente terrível", disse Markell.

Os investigadores evitaram concluir que Cho cometeu os dois ataques. Mas os testes de balística mostraram que uma única arma foi usada nos dois, informou a polícia estadual da Virgínia.

Dois oficiais, falando sob condição de permanecerem anônimos porque a informação ainda não foi divulgada, informaram que as impressões digitais de Cho foram encontradas em ambas as armas. Os números de série das duas aramas foram registrados, disseram os oficiais.

O coronel Steve Flaherty, superintendente da Polícia Estadual da Virgínia, disse que é razoável concluir que Cho foi o autor de ambos os ataques, mas que a ligação entre os dois crimes ainda não estava confirmada. "Não há evidências de nenhum cúmplice em nenhum dos eventos, mas estamos explorando essa possibilidade", disse ele.

Oficiais disseram que Cho se graduou no colégio de Westfield em Chantilly, Virgínia, em 2003. Sua família vivia em uma casa amarelada, de dois andares no centro de Centreville, Virgínia.

Dois dos alunos mortos no tiroteio, Reema Samaha e Erin Peterson, também haviam se graduado em Westfield em 2006, disseram funcionários da escola. Mas não houve nenhuma declaração das autoridades dizendo se Cho conhecia as duas jovens e as diferenciou dos demais.

"Ele era muito quieto, estava sempre sozinho", disse o vizinho Abdul Shash. Segundo ele, Cho passava boa parte do seu tempo livre jogando basquete e não respondia quando as pessoas o cumprimentavam. Ele descreveu a família como quieta.

O governo da Coréia do Sul expressou suas condolências, e disse que espera que a tragédia não "levante preconceito racial ou confronto". "Estamos em um estado de choque indescritível", disse Cho Byung-se, um oficial do Ministério das Relações Exteriores para assuntos com os EUA.

As aulas foram canceladas até o fim da semana. Norris Hall, o prédio de salas de aula, será fechado até o fim do semestre.

Muitos alunos deixaram a cidade rapidamente, arrastando, travesseiros, sacos de dormir e mochilas pelas calçadas.

Até segunda-feira, o maior tiroteio na história recente dos EUA era o de Killeen, Texas, em 1991, quando George Hennard irrompeu com sua caminhonete em uma cafeteria Luby's e atirou em 23 pessoas e depois suicidou-se.

Antes disso, o maior tiroteio num campus da história dos EUA havia acontecido em 1996 na Universidade do Texas, em Austin, quando Charles Whitman subiu na torre do relógio e abriu fogo com um rifle do 28° andar. Ele matou 16 pessoas antes de ser morto pela polícia.

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