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Afegãos queimam bandeira dos Estados Unidos durante protesto contra pastor norte-americano que queimou em público um exemplar do Alcorão, livro sagrado do islã: manifestação termina em massacre | Omar Sobhani/Reuters
Afegãos queimam bandeira dos Estados Unidos durante protesto contra pastor norte-americano que queimou em público um exemplar do Alcorão, livro sagrado do islã: manifestação termina em massacre| Foto: Omar Sobhani/Reuters

Reação

Pastor que queimou Alcorão diz que não tem culpa por massacre

O pastor norte-americano Terry Jones , que queimou um exemplar do Alcorão na semana passada, assegurou que não sente responsabilidade alguma pelo ataque de manifestantes ao escritório da ONU no Afeganistão.

"Ficamos aflitos com esta notícia", declarou o pastor. "Mas não nos sentimos responsáveis", acrescentou, acusando "os elementos radicais do Islã de procurar uma desculpa para justificar sua violência".

"Chegou o momento de pôr fim à violência que existe em países muçulmanos como Paquistão e Afeganistão", disse.

No dia 20 de março, o pastor, que comanda um pequeno grupo cristão chamado "Dove World Outreach Center", em Gainesville (sudeste dos Estados Unidos), incendiou um exemplar do Alcorão ao final de um "julgamento" do livro sagrado dos muçulmanos.

O pastor já tinha suscitado polêmica no mundo em setembro de 2010 quando ameaçou incendiar o Alcorão, mas desistiu após diversas advertências feitas por chefes de Estado, incluindo o Papa Bento XVI.

Os manifestantes, que atacaram a ONU no Afeganistão, fizeram uma declaração exigindo que o governo afegão "corte qualquer ligação diplomática com os Estados Unidos se o pastor que queimou o Alcorão não for julgado".

Nova York - Ao menos 12 pessoas (sendo oito delas funcionários da ONU) morreram em um ataque a um prédio das Nações Unidas em Mazar-i-Sharif, no norte do Afeganistão. O ataque aconteceu durante protesto contra a queima do Alcorão, li­­vro sagrado do islã, pelo pastor de uma pequena igreja da Flórida (EUA), no início da semana passada.

É a ação mais letal contra em­­pregados da entidade desde o atentado de 2003, em Bagdá, que matou 22 pessoas, entre elas o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. A conta, no entanto, pode chegar a 20 mortos. Entre as vítimas, estariam funcionários da ONU da Noruega, da Suécia e da Romênia, quatro guardas nepaleses e cinco afegãos.

Duas pessoas teriam sido decapitadas, segundo um porta-voz da polícia afegã, mas essa informação foi negada pelo comando da polícia da região.

O pastor americano é Terry Jones, líder de uma igreja com 60 membros. No dia 20 de março, ele queimou uma edição do Corão porque considerou a obra "culpada’’. É o mesmo pastor que tinha recebido atenção internacional no ano passado, após ameaçar queimar o livro em 11 de setembro, aniversário do ataque às Torres Gêmeas. Pressionado, ele tinha recuado e prometido nunca cometer esse ato, mas voltou atrás na sua decisão.

O ataque aconteceu depois das orações de ontem. Mi­­lhares de manifestantes, instigados por três mu­­lás, saíram da Mes­­qui­­ta Azul (um dos lu­­gares mais sa­­grados do Afe­­ganistão) e rumaram para o prédio da ONU – sem encontrar norte-americanos, o ódio da multidão foi dirigido às Nações Unidas, outro símbolo ocidental.

Eles queriam a prisão de Jones. Com gritos de "Morte à América’’ e cartazes de "Morte a Obama’’ e "Abaixo a América’’, os manifestantes atiraram pedras no prédio.

Segundo relatos, eles invadiram o portão depois que as forças de segurança abriram fogo, agrediram os guardas e queimaram carros. Armas teriam sido tomadas da guarda de segurança da ONU e usadas para matar as vítimas.

A cidade de Mazar-i-Sharif é considerada uma das mais pa­­cíficas nos padrões do Afeganistão – a milícia Taleban está concentrada especialmente nas Pro­­víncias mais ao sul – e seria uma das primeiras áreas em que as tropas da Otan seriam substituídas pelas forças afegãs.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou os ataques de "revoltantes e covardes’’. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, divulgou nota condenando a ação.

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