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Chega a 250 o número de mortos nos atentados com caminhões-bomba na noite de terça-feira (horário local) no Iraque, no que pode ser o ato de violência mais sangrento no país desde a queda do regime de Saddam Hussein, em abril de 2003. O total de feridos já ultrapassa 300, informaram fontes do governo local da cidade de Tel Afar, perto de onde aconteceram os ataques. Mas Kifah Muhamad, diretor do hospital de Sinjar, a cidade onde aconteceram os atentados, garantiu que o número de mortos passa de 500 e o de feridos chega a 375.

O Exército dos EUA disse nesta quarta-feira que a Al-Qaeda é a "principal suspeita". Nesta quarta-feira, o jornal "Los Angeles Times" afirmou que o comandante das tropas americanas pedirá a retirada de algumas áreas do país árabe onde se acredita ter havido uma melhora da segurança.

- Nós estamos vendo a Al-Qaeda como a principal suspeita - disse o porta-voz do Exército americano tenente-coronel Christopher Garver.

Os ataques tiveram como alvo a pequena comunidade religiosa curda dos yazidis, uma seita curda milenar, que data de 2 mil anos antes de Cristo, e cujos seguidores são considerados infiéis pelos sunitas. As fontes confirmaram que os atentados, realizados por suicidas que dirigiam pelo menos cinco caminhões-bomba carregados de combustível, aconteceram em condomínios residenciais em áreas populosas, nas localidades de Kahtaniya, al -Jaseera e Tal Uzair, perto da cidade de Sinjar, que fica junto à fronteira com a Síria.

Equipes de resgate ainda procuram sobreviventes entre os destroços das dezenas de prédios que foram destruídas pelas explosões simultaneas. O Norte do Iraque, de maioria curda, concentra grandes reservas de petróleo e era uma das áreas mais resistentes ao governo sunita de Saddam Hussein.

O Exército americano disse que ainda é cedo para apontar quem são os responsáveis pelos ataques, mas que a dimensão da ação e a aparente simultaneidade das explosões são marcas dos extremistas sunitas da Al-Qaeda. Se o número de mortes for confirmado, será o maior desde novembro, quando seis carros-bomba em diferentes partes de Bagdá mataram 200 pessoas e feriram 250.

Depois do ataque, as autoridades impuseram um toque de recolher total na região de Sinjar, que fica perto da fronteira com a Síria. O prefeito Dakheel Qassim Hasoun disse que apenas pessoas e veículos envolvidos nas operações de busca poderiam transitar. De acordo com ele, será difícil precisar o número de vitimas, já que há muitos corpos nos destroços de até 30 casas destruídas nas explosões. Segundo as autoridades, o número de mortos é elevado porque a maioria das casas destruídas, uma colada à outra, era feita apenas de barro.

Seita tem membros em diversos países

Militares dos EUA dizem que estão ajudando a levar os feridos para hospitais na cidade de Tal Afar. Os prédios atacados são habitados por membros da seita curda pré-islâmica yazidi, que vivem no norte do Iraque, na Síria, na Armênia, no Irã e na Turquia. Há, ainda, refugiados vivendo nos EUA e na Alemanha.

Ainda não se sabe o motivo pelo qual os yazdis foram o alvo deste atentado nem a a autoria do mesmo, mas o Estado Islâmico do Iraque, uma organização que abriga a Al-Qaeda no Iraque, distribuiu panfletos recentemente em que avisava que esta comunidade seria alvo de ataques por não professar o Islã.

No Iraque, os yazidi enfrentam discriminação porque o principal anjo que veneram como manifestação de Deus é freqüentemente identificado na terminologia bíblica como Satã, o anjo caído. Os yazidis dizem ter sofrido massacres durante o regime de Saddam.

Em abril, 23 operários yazidis de uma fábrica de Mosul foram mortos, em uma aparente retaliação pelo apedrejamento, semanas antes, de uma adolescente yazidi. De acordo com a polícia, a jovem fora morta pelos próprios yazidis porque se apaixonara por um muçulmano e se convertera ao Islã. TVs do mundo todo mostraram as terríveis cenas da morte da adolescente.

Em outro incidente na terça-feira, cinco militares dos EUA foram mortos na queda de um helicóptero CH-47 Chinook, durante um vôo de rotina perto do quartel Al Taqaddum, na região de Falluja, 50 quilômetros a oeste de Bagdá. Não se sabe se o aparelho foi abatido, mas o caso está sendo investigado.

Com essas mortes, já são pelo menos 3.699 militares norte-americanos mortos no Iraque desde a invasão de 2003. Só em agosto os EUA perderam 41 soldados, mais de metade do total de julho, 71 mortos.

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