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Curitiba – Doutoranda em Educação pela Universidade de Paris IV Sorbnonne/França, Miriam Abramovay é secretária-executiva do Observatório Ibero-Americano de Violência nas Escolas, órgão vinculado a Organização dos Estados Ibero-Americanos Para a Ciência, a Educação e a Cultura (OIE). Em entrevista à Gazeta do Povo, por telefone, ela fala sobre a onda de violência dentro das escolas dos EUA. Para ela, é importante diferenciar os ataques de "fora para dentro da escola", da violência praticada por alunos.

Gazeta do Povo – O que está acontecendo nas escolas americanas, por que essa nova onda de violência?

Miriam Abramovay – É preciso diferenciar os casos de ataques de adultos em escolas, daqueles praticados por jovens que estudam na escola. No caso dos adultos, tenho a tendência em considerar uma coisa muito específica na sociedade americana, que ocorre na escola, mas poderia ser na rua também. Eles escolhem as escolas porque é mais fácil, há a possibilidade de matar mais, em menos tempo. São casos patólogicos, não é uma violência da escola, mas uma violência que a escola sofre, de fora para dentro.

E o caso da semana passada, em que um aluno matou o diretor da escola?

É um caso bem diferente, porque aí é de fato a violência dentro da escola. As relações entre diretores e alunos, ou professores e alunos, é muito tensa, e pode chegar as vias de fato. No Brasil, nunca soube de algum caso de um diretor morto, mas vários já foram ameaçados.

Mas qual é o problema com as instituições? Desde o famoso caso em Columbine, esses ataques têm se intensificado nos EUA, não?

O que chama a atenção, por exemplo, no caso de Columbine, é que pelo menos 17 alunos da escola sabiam que o ataque ia acontecer. O que a gente se pergunta é: que tipo de escola nós temos, em que quase 20 alunos sabiam o que ia acontecer, e não falaram nada para ninguém, nem para os pais, nem para os outros colegas? Isso é gravíssimo, porque demonstra uma falta de confiança total na instituição escolar.

E essa repetição de casos em pouco mais de 10 dias, há alguma relação entre eles?

Esses casos ocorrem com freqüência porque a escola é um grande centro de tensão, mas não acho que há uma ligação entre eles. No caso dos adultos, por exemplo, tenho a impressão de que foi algo bem planejado.

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