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A preocupação demonstrada por muitos cubanos com a saúde do presidente Fidel Castro não é motivo de surpresa, dizem seus seguidores, porque o veterano governante é um líder, não um ditador, e uma figura paternal, não um monstro.

Mesmo cubanos descontentes com o regime socialista têm coisas boas a dizer sobre Fidel.

- Ele é uma figura que deixou uma marca clara na história cubana, que alcançou muitos benefícios para os pobres, mas o tempo de Fidel passou - disse o veterinário Antonio, duro crítico da Cuba de hoje em dia, e que como muitos entrevistados não quis revelar seu sobrenome.

- A vida realmente melhorou até 1990, quando os soviéticos pararam de nos apoiar. Desde então, foi ladeira abaixo. Obviamente muitos fatores contribuíram com a atual situação além de Fidel, então não há razão para desejar sua morte - disse Antonio.

Não poderia haver contraste maior do que o existente entre as lágrimas derramadas em Cuba e a festa feita por exilados cubanos em Miami com a notícia, em 31 de julho, de que Fidel transferira interinamente o poder a seu irmão Raúl por causa de uma cirurgia intestinal.

Da mesma forma, muitos em Havana suspiraram aliviados ao ouvir relatos oficiais de que Fidel, 79 anos, continua vivo e se recupera, algo que provocou enorme frustração em Miami, onde muitos exilados consideram a Cuba de Fidel uma prisão e estão ansiosos por sua queda.

Cathy Despaigne, assistente em um consultório dentário de Cuba, diz ser capaz de ir às lágrimas por Fidel.

- Enquanto os políticos do mundo contam e acumulam dinheiro no banco, Fidel conta e acumula alfabetização, o número de pessoas que os nossos médicos servem no exterior. Essa é a grande diferença, e por isso o adoramos - afirmou. - Os que estão por aí dançando sobre o túmulo dele são almas perdidas, que nunca vão aprender ou compreender.

Num país em que não há pesquisas de opinião e onde há dissidentes presos, é difícil determinar quão sincero é o apoio ao "comandante". As dificuldades econômicas, principalmente durante o "período especial" que se seguiu ao colapso soviético, convenceram muitos cubanos a tentarem a vida nos EUA.

Mas mesmo reservadamente muitos cubanos - 70% dos quais nasceram já sob o governo de Fidel - parecem leais a ele. Poucos discordam que o presidente - há 47 anos no cargo, atual recorde mundial - é ao mesmo tempo polêmico e carismático.

- Mesmo entre os cubanos que odeiam suas políticas, encontra-se respeito por Fidel - disse Phil Peters, vice-presidente do Instituto Lexington, da Virginia, e especialista em Cuba. - Ele é o único líder que a maioria dos cubanos conheceu.

O canadense John Kirk, especialista em América Latina, considera que a presença de Fidel no cenário mundial, sua antiga rivalidade com Washington e as iniciativas diplomáticas do país no exterior alimentam um orgulho nacional.

- Ele fez de Cuba um importante agente internacional, um pequeno país do Terceiro Mundo com uma presença de Primeiro Mundo. Ele trouxe um senso de dignidade à ilha, fez da soberania cubana uma força a ser respeitada e resistiu a quase cinco décadas de uma incansável campanha dos EUA contra ele.

A profunda divisão existente entre muitos dos 11,2 milhões de cubanos na ilha e os até 2 milhões de cubanos no exterior talvez dure muito tempo depois da morte de Fidel.

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