Uma série de explosões de carros-bomba, cujo alvo eram peregrinos xiitas, foi registrada nesta quarta-feira em várias cidades do Iraque, matando pelo menos 65 pessoas e deixando mais de 200 feridas. Trata-se de um dos piores ataques desde a saída das tropas norte-americanas do país.
A violência é um lembrete sobre as tensões políticas que podem levar a uma nova rodada de conflitos sectários, que anos atrás deixaram o Iraque à beira de uma guerra civil. Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelos ataques, mas eles apresentam características de ações realizadas por insurgentes sunitas que atacam xiitas.
As explosões desta quarta-feira representam o terceiro ataque nesta semana contra participantes da peregrinação anual durante a qual centenas de milhares de xiitas seguem para Bagdá para celebrar o imã Moussa al-Kadhim, morto no século 8, e que está enterrado num templo no bairro de Kazimiyah, norte da capital.
A maioria das 16 explosões registradas no país teve como alvo peregrinos xiitas, mas dois foram contra escritório de partidos políticos ligados à minoria curda.
As autoridades já haviam intensificado a segurança antes do início da peregrinação, com o bloqueio das principais áreas sunitas de Azamiyah, onde fica a mesquita de dois domos onde o imã teria sido enterrado.
O nível de violência caiu dramaticamente no Iraque desde que atingiu o ápice, entre 2006 e 2007, quando ataques de insurgentes sunitas, retaliados por xiitas tiveram início após a invasão que derrubou Saddam Hussein.
Mas as divisões políticas se aprofundaram, paralisando o país desde que os norte-americanos retiraram suas tropas, em meados de dezembro.
O primeiro-ministro xiita Nouri al-Maliki é acusado de monopolizar o poder e as tensões aumentaram depois que o vice-presidente Tariq al-Hashemi - o sunita que ocupava o mais alto cargo no governo - foi acusado de comandar esquadrões da morte. O governo iniciou seu julgamento à revelia, já que Al-Hashemi está fora do país, o que deu início a suposições de que as acusações são parte de uma vingança do governo, liderado por xiitas.
O porta-voz do comando militar de Bagdá, coronel Dhia al-Wakeel, disse que os ataques tiveram como objetivo provocar a retomada da violência sectária, "mas os iraquianos têm plena ciência da agenda terrorista e não cairão num conflito sectário".
A maioria das vítimas eram peregrinos muçulmanos xiitas, que participavam das comemorações do aniversário de morte do imã xiita Moussa al-Kadhim, bisneto do profeta Maomé. Ataques com carros-bomba ocorreram em Bagdá e em cidades localizadas ao norte e ao sul da capital iraquiana. Segundo a polícia, além de explosivos foram detonados ao menos sete carros-bomba.
Na cidade de Hilla, dois carros-bomba explodiram e deixaram pelo menos 19 mortos e 40 feridos. Na cidade de Baqouba, capital da província de Diyala, foram nove explosões em acostamento de uma estrada, e um carro-bomba foi detonado. Em Balad, ao norte de Bagdá, outros dois carros-bomba explodiram e um outro foi detonado em Al-Azizyah, ao sul de Bagdá. A violência segue em elevação no Iraque, cenário de atentados dirigidos principalmente contra alvos xiitas e as forças de segurança. Esses ataques se intensificaram desde a saída das tropas americanas, em 18 de dezembro. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
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