Ativistas de direitos humanos lutam para salvar um jovem que pode ser crucificado acusado de ter cometido um crime quando era menor de idade na Arábia Saudita. Ele e outros seis companheiros podem ser executados nesta terça-feira, em processo marcado por denúncias de torturas e irregularidades. O grupo teria realizado uma série de assaltos a joalherias da cidade de Abha, no sul do país. Os integrantes foram presos entre os anos de 2005 e 2006 e condenados a pena de decapitação com espada. Já Sarhan al-Mashayekh, suposto líder do bando, seria pregado a uma cruz após morto.
"Vivemos em uma sociedade medieval mesmo estando no terceiro milênio", lamentou Mohammad al Qahtani, diretor da Associação de Direitos Civis e Políticos na Arábia Saudita, em entrevista ao diário El País. "Essa pena é reservada aos crimes mais odiosos e que criam alarde social. Não é frequente, mas é emitida. No entanto o governo, consciente da degradação do sistema judicial, muda tais sentenças às vezes.
A sentença de morte foi divulgada há três anos, mas as autoridades provavelmente esperaram que todos se tornassem maiores de idade para a execução. A ONG Anistia Internacional divulgou um apelo urgente contra a dura condenação.
"Deixarão o jovem exposto (na cruz) durante várias horas, como humilhação", explica al-Qahtani. "Não é só a severidade do castigo, mas eles também não tiveram direito a um advogado nem um julgamento justo. Aliás, eles também foram torturados e intimidados para que confessassem", afirma o ativista.
Ali al-Ahmed, um opositor ao governo saudita e que dirige o Instituto pelas Relações com o Golfo, em Washington, também se mobilizou pela causa dos jovens, segundo o El País. O político afirma já ter enviado inúmeras mensagens para embaixadores europeus em Riad pedindo intervenção no caso perante as autoridades sauditas, reforçando que os acusados foram condenados à morte quando ainda eram menores de idade.
"Esses jovens vão ser executados depois de um julgamento que durou três horas e não contaram com nenhum advogado e nem com assistência jurídica. Entre os motivos da execução está que a origem dos suspeitos é do sul do país, região marginalizada pelo governo saudita", afirma al-Ahmed.
A data da execução dos acusados Sarhan al Mashayekh e Saeed al Omari, de 22 anos; Ali al- Shehri, de 20; Naser al Qahtani e Ali al Qahtani, de 24; Saeed al Shahrani, de 21; e AbdulAziz al-Amri, de 23, está marcada para a próxima terça-feira. Os assaltos teriam sido realizados entre os anos de 2004 e 2005, quando os réus tinham entre 15 e 19 anos.
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