O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, assinou na quarta-feira (31) um pedido para fazer parte da Corte Internacional de Justiça da Organização das Nações Unidas (ONU). O movimento pode abrir caminho para acusações de crimes de guerra contra Israel.

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Abbas fez o anúncio durante uma reunião de lideranças em Ramallah, transmitida pela TV. Segundo o presidente, a decisão foi tomada depois que a resolução palestina ordenando que Israel se retire da Cisjordânia em três anos foi rejeitada pelo Conselho de Segurança da ONU, na última terça-feira.

"Há uma agressão contra nós, contra nosso país. O Conselho de Segurança nos desapontou", disse.

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O movimento marca uma grande mudança diplomática, elevando as relações de Abbas com Israel de tensas a abertamente hostis. A estratégia também tem riscos, uma vez que os próprios palestinos também podem ser acusados de crimes de guerra.

Benjamin Netanyahu, o primeiro ministro de Israel, prometeu tomar "medidas retaliatórias". Ele lembrou também que é Abbas quem deveria se preocupar com a corte de Haia, uma vez que lidera um governo de unidade com o Hamas, grupo político muçulmano que é visto como terrorista em muitos países.

Netanyahu também defendeu os militares israelenses, afirmando que são "o exército mais moral do mundo."

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Jeff Rathke afirmou que os Estados Unidos estão "profundamente perturbados" com a escalada da diplomacia palestina, afirmando que ela é "completamente contraproducente" e que "não ajuda em nada as aspirações do povo palestino de criar um estado soberano e independente."

Na corte de Haia, os palestinos podem acusar militares e políticos israelenses por supostos crimes envolvendo a construção de assentamentos em áreas ocupadas e ações militares que resultaram em grande número de vítimas. Israel, entretanto, não é membro da corte e não reconhece sua jurisdição. Haia também não tem autoridade para prender suspeitos em solo israelense. O tribunal pode, entretanto, emitir mandados de captura que tornariam mais difícil para autoridades israelenses viajar ao exterior.

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Segundo Robbie Sabel, um especialista em Direito Internacional da Universidade Hebraica de Jerusalém, Haia poderia julgar apenas casos cometidos a partir de agora, não incidentes passados. Além disso, os palestinos também podem ser alvos de ações. "É por isso que os palestinos hesitaram até agora. O Tribunal Internacional de Justiça funciona nos dois sentidos", disse.

No entanto, o embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, afirmou repetidas vezes que os palestinos não têm medo dessa possibilidade.

Para Balkees Jarrah, um conselheiro do Human Rights Watch, o movimento palestino vem atrasado, mas é bem vindo, e pode ajudar a solucionar crimes de ambas as partes. "Este passo de Ramallah é um importante sinal de que os dias de quase completa impunidade podem estar perto do fim", disse. Fonte: Associated Press.