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Franco-atiradores assumiam posições em telhados enquanto insurgentes sunitas diziam que se preparavam para outro combate de rua com milicianos xiitas pró-governo no bairro de Adhamiya, em Bagdá, nesta terça-feira.

O bastião sunita ainda sente as reverberações do confronto de segunda-feira à noite, o mais próximo que o país teria chegado, até agora, de uma guerra civil.

É uma realidade que Washington tenta evitar em meio a esforços para impedir a eclosão de uma guerra civil, enquanto políticos iraquianos lutam para formar um governo quatro meses depois das eleições parlamentares.

Um porta-voz das Forças Armadas norte-americanas disse que 50 insurgentes atacaram soldados iraquianos no meio da noite, dando início a uma batalha de sete horas que deixou cinco rebeldes mortos e um soldado iraquiano ferido.

Os combates foram tão intensos que reforços norte-americanos tiveram de ser transferidos para o bairro, no norte da cidade, lar de algumas das guerrilhas sunitas mais radicais e onde fica a mesquita de Abu Hanifa, perto da qual Saddam Hussein foi visto em público pela última vez antes de procurar um esconderijo.

Embates esporádicos continuavam na terça-feira.

"Há seis pessoas entre nossos mortos e feridos. Há apenas meia hora, um franco-atirador matou Ali", disse Mohammad, um morador de Adhamiya de 25 anos, referindo-se a um amigo seu.

Apesar de o atentado de fevereiro em um importante santuário xiita ter levado o Iraque para a beira da guerra civil e ter deixado centenas de corpos com marcas de bala e de tortura nas ruas de cidades iraquianas, o cenário em Adhamiya é mais alarmante.

Parece ser o primeiro exemplo de um teatro de guerra de larga escala, com batalhas sectárias tomando as ruas da capital, se não de cidades em todo o Iraque.

A ousadia do ataque de segunda-feira serve como lembrete do pesadelo que o novo governo enfrentará na área de segurança, encarregado de combater a insurgência sunita responsável por matar milhares de civis, soldados e policiais xiitas.

"Hoje à noite, um grupo de soldados do Exército chegou perto da mesquita de Abu Hanifa e um franco-atirador subiu em um telhado. Conseguimos matá-lo com uma granada. Eu destruí três dos veículos deles com bombas plantadas nas ruas", disse um rebelde.

Os insurgentes encarregados de montar postos de controle afirmaram ter visto combatentes xiitas que diziam pertencer ao Exército de Haidar. Os xiitas estariam chegando perto da mesquita de Abu Hanifa vindos de três direções.

Esquadrões da morte

"Prevemos que eles vão voltar", disse um homem que se identificou apenas como Abu Bakr e que disse ser um ex-oficial do Exército durante o governo de Saddam.

A descrição feita por ele dos eventos de segunda-feira foi mais dramática do que a oferecida pelos militares dos EUA.

"Vimos algo entre cem e 150 homens aparecerem em carros. Alguns usavam uniformes de militares e outros estavam com roupas civis", disse, enquanto cinco homens armados montavam guarda em uma das principais vias de acesso de Adhamiya.

Líderes sunitas acusaram o governo liderado por xiitas de permitir a atuação de esquadrões da morte, algo negado pelo governo.

"O que aconteceu em Adhamiya é uma ação malévola realizada por milícias que contam com o apoio de forças de segurança e de membros do governo", disse Dhafer Al Ani, membro do maior bloco de partidos sunitas

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