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O papa Bento 16 completou nesta segunda-feira cinco anos como líder de 1,1 bilhão de católicos e disse que sua igreja é uma "pecadora ferida", dividida entre as perseguições do mundo e o conforto de Deus.

O pontífice alemão, que completou 83 anos na sexta-feira, fez um discurso em tom reflexivo em agradecimento durante um almoço fechado com 46 cardeais no Vaticano pelo apoio deles num momento difícil, de acordo com o jornal oficial L'Osservatore Romano.

Bento participou do almoço após ter retornado de uma viagem no fim de semana a Malta, onde encontrou-se com oito vítimas de abuso sexual por parte de padres - um escândalo que vem abalando a Igreja.

"O pontífice aludiu aos pecados da igreja, chamando-a de pecadora ferida, que tem recebido todo o conforto de Deus", disse o L'Osservatore Romano sobre o discurso do almoço.

Como ocorreu no dia de seu 83o aniversário, nenhum evento público foi planejado para a celebração dos cinco anos do papado.

No entorno da Praça São Pedro, onde as barracas de lembrancinhas ainda continuam oferecendo mais artigos referentes ao papa anterior, João Paulo 2o, do que de seu sucessor, peregrinos católicos expressaram preocupação mesmo quando demonstrando apoio a Bento 16.

"Os últimos anos não têm sido fáceis", disse Marco Bosco, da Espanha. "O desafio é ver que tudo o que aconteceu este ano seja resolvido. Nós confiamos que o papa Bento fará isso."

O então cardeal alemão Joseph Ratzinger surpreendeu o mundo após sua eleição em 19 de abril de 2005, com uma aproximação suave que contrastava com sua feroz reputação como responsável do Vaticano pela observância da doutrina da Igreja.

Em seu primeiro discurso, ele prometeu continuar o caminho de seu popular antecessor, o papa João Paulo 2o, e reforçar a unidade da cristandade e as relações com outras religiões.

Sucessivas controvérsias

Mas desde a nomeação seu papado tem sido marcado por sucessivas controvérsias, várias delas com outras religiões, e por um padrão de má comunicação que frequentemente coloca mais lenha na fogueira.

A recente onda de alegações de abusos sexuais de crianças por parte de padres, algumas remontando a décadas, é o último nessa série de problemas. Começou na Irlanda e se espalhou este ano pela Alemanha, Áustria, Holanda e outros países europeus.

Bento 16 foi mais longe do que qualquer papa na condenação dos abusos, se encontrando com vítimas e fazendo chamados aos bispos para que trabalhem com a polícia, mas sua relutância em adotar medidas mais duras - tais como aposentar bispos que protegeram padres pedófilos - desaponta seus críticos.

O presidente de Malta, George Abela, indicou ser necessário fazer mais, ao dizer a Bento 16, em sua chegada ao país, no sábado, que deve ser assegurado que "não somente seja feita justiça, mas que se veja que ela foi feita."

Tensão com judeus

Um ano depois de sua nomeação, o papa irritou a comunidade muçulmana do mundo, em Regensburg, na Alemanha, com uma conferência em que citou um imperador bizantino, segundo o qual o Islã é violento e irracional.

Bento 16 disse ter sido mal compreendido e fez depois várias declarações e gestos para consertar a situação.

As relações com os judeus também ficaram tensas. Grupos judaicos fizeram objeção a seu apoio a transformar o papa Pio 12 em um santo, dizendo que ele não fez o suficiente para salvar judeus do Holocausto.

A readmissão de quatro bispos excomungados, integrantes da ultra tradicionalista Sociedade de São Pio 10, também irritou os judeus porque um deles, Richard Williamson, nega o Holocausto.

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