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O Papa Bento XVI introduziu nesta terça-feira uma modificação nas normas que regulamentam a eleição do Sumo Pontífice, ao suprimir a possibilidade de recorrer à maioria simples dos votos, anunciou o Vaticano.

Em um edito com o título em latim "motu proprio" (de vontade própria), Bento XVI anula uma disposição introduzida por João Paulo II em 1996 estabelecendo que, em caso de dificuldades para se chegar a um acordo depois de 33 votações, seria necessário proceder por maioria absoluta na eventualidade de nenhum cardeal ter alcançado dois terços dos votos.

Com o novo decreto, Bento XVI reintroduz, assim, a obrigatoriedade de o futuro Papa ser eleito com dois terços dos votos.

Para que a eleição do Sumo Pontífice seja canonicamente válida "será necessária a maioria de dois terços dos votos dos cardeais presentes", afirma a norma.

A eleição do sucessor de Pedro é realizada por um Conclave, ou assembléia de cardeais, sistema que existe há mais de sete séculos.

Pio XII (1939-1958) decidiu que o Papa deveria ser eleito por maioria de dois terços mais um dos eleitores e João XXIII impôs que os cardeais fossem todos bispos, além de ter ampliado o número de eleitores a 90.

Paulo VI o ampliou a 120 e excluiu os cardeais acima de 80 anos, o que prevalece até hoje.

Com a nova norma "fica garantido o maior consenso possível na eleição do novo pontífice", explicou o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.

Bento XVI estabeleceu também que depois da 33a votação os cardeais optem apenas entre os dois candidatos que tenham obtido o maior número de votos durante a votação anterior e que estes dois candidatos não participem do processo de escolha.

Seguindo a tradição, quase todos os pontífices modificaram trechos da Constituição Apostólica. Neste caso trata-se de uma pequena mudança, de caráter simbólico, considerou o padre Lombardi, que acha muito difícil que 33 votações cheguem a ser realizadas.

Durante o Conclave, as votações são realizadas na Capela Sistina e os cardeais permanecem isolados durante toda a duração e são privados de qualquer comunicação com mundo o exterior, seja por fax, telefone, rádio, correio eletrônico ou outro meio.

No começo do Conclave os cardeais fazem um juramento de silêncio. Além dos prelados, todos os membros dos serviços que têm acesso a eles devem jurar que manterão o segredo sobretudo em relação às reuniões, sob pena de excomunhão.

A constituição pontifícia estabelece que durante o Conclave sejam realizadas quatro votações por dia e que depois do terceiro dia sem resultados positivos, estas sejam suspensas por no máximo um dia, para uma pausa de orações e de livre colóquio entre os votantes.

Bento XVI foi eleito no dia 19 de abril de 2005 na quarta votação, realizada no segundo dia de votações.

Nenhum dos oito pontífices eleitos durante o século XX precisou de mais de quinze votações para chegar ao trono de Pedro.

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