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Pessoas com equipamentos de proteção descarregam um caixão de um carro funerário no cemitério Monumental de Bérgamo, Lombardia, Itália| Foto: Piero Cruciatti/AFP

Nesta quarta-feira (18) a Itália registrou o mais alto número de mortes por coronavírus desde que a epidemia começou no país: 475, em apenas um dia. Bérgamo, uma cidade de 120 mil habitante localizada no norte, em particular, está sendo devastada pela Covid-19. Foi lá que 93 pessoas faleceram da doença nesta quarta-feira.

Como a maioria das vítimas está sendo cremada, o único crematório da cidade está funcionando 24 horas por dia e mesmo assim não está sendo capaz de atender à demanda - a capacidade é de 25 cremações por dia.

Na noite de quarta-feira, segundo a agência de notícias Ansa, veículos do exército levaram cerca de 60 caixões para crematórios em outras cidades. Uma vez realizada a cremação, as cinzas serão levadas de volta a Bérgamo para serem entregues às famílias.

Nas redes sociais, multiplicaram-se as fotos e vídeos daqueles que captaram o momento da passagem da fila de caminhões militares que transportavam os caixões.

Nem as agências funerárias estão conseguindo gerenciar o serviço. Segundo o jornal italiano Corriere de la Sera, algumas estão fechadas porque os funcionários estão doentes.

Os hospitais da região estão adotando regras mais rigorosas em relação ao manuseio dos mortos, que precisam ser colocados em um caixão imediatamente, sem serem vestidos, devido ao risco de infecção por seus corpos. "As famílias não podem ver seus entes queridos ou dar-lhes um funeral adequado, esse é um grande problema em nível psicológico", disse ao jornal britânico The Guardian Antonio Ricciardi, diretor de uma das maiores funerárias na região. "Uma geração morreu em apenas duas semanas. Nunca vi nada assim e só me dá vontade de chorar", contou.

Com a emergência de saúde, os obituários passaram a ocupar boa parte das edições dos jornais impressos locais. Um morador de Bérgamo compartilhou um vídeo nas redes sociais que comparava a seção de obituários do L’Eco di Bergamo de 9 de fevereiro, que tinha apenas uma página, com a da edição de 13 de março, quando tiveram de ser impressas 10 páginas para registar todos os óbitos.

A região norte da Itália é a mais atingida pela epidemia de coronavírus. Em todo o país, até quarta-feira, 2.978 pessoas haviam morrido e há um total de 35.713 casos confirmados, dos quais 4.025 são pacientes que já se recuperaram.

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