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Che Guevara
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de Simón Bolívar, em Caracas: ídolos do governo “bolivarianista” | Miguel Gutierrez/AFP
Homem passa por desenho de Che Guevara sob os olhos de Simón Bolívar, em Caracas: ídolos do governo “bolivarianista”| Foto: Miguel Gutierrez/AFP

O inimigo

Alvos seriam Colômbia, EUA e oligarquiasHugo Chávez fez da formação de suas milícia bolivarianas uma prioridade. Em várias ocasiões,já advertiu sobre ameaças potenciais: os EUA, a Colômbia e também "a oligarquia venezuelana".

O líder se dirigiu a cerca de 35 mil membros das milícias em um encontro ao ar livre em 13 de abril, no oitavo aniversário de seu regresso ao poder após o fracassado golpe de 2002, e advertiu que qualquer tentativa de derrubá-lo irá fracassar.

Com uma boina vermelha de seus anos do Exército, Chávez desembainhou uma espada que pertenceu ao líder da independência sul-americana Simón Bolívar – que segundo ele inspira seu projeto político socialista, chamado de Revolução Bolivariana. Chávez erguia a espada, enquanto as tropas faziam seu juramento

"Vocês devem estar prontos para a qualquer momento tomar as armas que estão ali e sair para dar a vida se tiverem que dá-la pela revolução bolivariana", gritou Chávez. Ele denunciou então, sem dar detalhes, um suposto plano de opositores para assassiná-lo.

Não está claro o grau de comprometimento dos milicianos treinados por Chávez em uma suposta crise. Um colaborador próximo do presidente, o ministro de Obras Públicas Diosdado Cabello, indicou que há 120 mil pessoas na milícia e ela poderia chegar a 200 mil integrantes.

Os adversários de Chávez afirmam que esses números são muito exagerados. Além disso, condenam que Chávez tenha gastado mais de US$ 4 bilhões em armas russas, incluindo fuzis, helicópteros e caças Sukhoi, com frequência vistos pelos céus de Caracas.

Milícias são arma contra perda de popularidade de Chávez

O presidente venezuelano Hugo Chávez, que buscará a reeleição em 2012, recentemente perdeu popularidade, enquanto seu go­­verno enfrenta cortes de eletricidade, uma recessão e uma inflação de 26%. Saiba mais

Participantes treinam técnicas de guerrilha e terrorismo

Um dos objetivos dos treinamentos das milícias de Chávez é preparar as tropas para uma "guerra assimétrica", que consiste em usar meios alheios à tradição militar para resistir e enfrentar uma força superior de ocupação. Saiba mais

Charallave, Venezuela - Uma dona de casa de 54 anos solta uma estrondosa salva de tiros, quando pela primeira vez dispara com uma metralhadora. Quando a arma silencia, um instrutor grita "Mata esses gringos!".

Ela e milhares de outros civis estavam de uniforme verde-oliva para o treinamento de fim de semana em uma base do Exército venezuelano, onde eles aprendem a se arrastar por baixo do arame farpado, usar rifles de assalto e espreitar inimigos em combate.

Uma visita de dois dias de jornalistas da Associated Press a este campo de treinamento da Milícia Bolivariana da Venezuela revelou um grupo animado, em sua maioria homens e mulheres da classe baixa, entre eles estudantes e aposentados, unidos por seu apoio militante do presidente Hugo Chávez e a sua vontade de defender o governo.

Defender de quê? Alguns acreditam nas advertências de Chávez de que o "Império" norte-americano poderia atacar algum dia. É preciso estar preparado para sacrificar a vida, se necessário, para lutar contra "qualquer ameaça externa ou interna".

A Venezuela, apesar disso, nunca travou uma guerra contra nenhuma nação. A milícia é para Chávez uma ferramenta prática para envolver seus seguidores, manter o fervor nacionalista e intimidar oponentes, que poderiam considerar outro golpe como o superado por ele em 2002.

Os críticos de Chávez descrevem a milícia como um perigoso grupo de valentões armados, que poderia ser utilizado para ameaçar os opositores do governo, reprimir protestos e ajudar o presidente a manter-se no poder a todo custo.

Um dos princípios da milícia é constantemente martelado pelo grupo, quando se saúdam em uníssono, gritando: "Pátria socialista ou morte! Venceremos!"

Maravilha

Osmaira Pacheco, a dona de casa que empunhava a metralhadora, disse emocionada que aquela era uma experiência "maravilhosa", após disparar contra um boneco de palha vestido com uniforme militar. Acrescentou, um pouco mais séria, que não lhe agrada a ideia de matar al­­guém, seja norte-americano ou de outro país, e também espera que "nunca haja enfrentamentos de venezuelanos contra venezuelanos". "Mas se nos atacam de outro lugar, creio que estamos preparados para isso", avaliou a dona de casa, que estuda para ser professora em um programa gratuito do governo e é uma fervente admiradora do presidente. "Estamos preparados para apoiar as Forças Armadas, caso necessitem de nós."

Os membros da força de voluntários incluem desempregados e eletricistas, bancários e assistentes sociais. A maioria dos entrevistados durante o treinamento, na segunda semana de abril, disse que alguns deles são beneficiários dos programas gratuitos de educação do Estado ou trabalhadores do setor público. Não co­­bram remuneração, mas recebem perto de US$ 7 para compensar os custos de transporte para cada sessão do treinamento, em geral nos fins de semana.

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