Uma bomba explodiu nesta quarta-feira (15) no centro de Damasco, perto de várias instalações militares e do hotel que hospeda observadores da Organização das Nações Unidas (ONU), deixando três feridos e fazendo com que uma coluna de fumaça preta se erguesse sobre a capital síria.
O vice-chanceler Faisal Mekdad disse que nenhum monitor da ONU ficou ferido na explosão, ocorrida exatas quatro semanas depois de um atentado que matou quatro membros do alto escalão do regime do presidente Bashar al-Assad.
"(A explosão) prova a natureza bárbara e criminosa dos que realizam esses ataques e de seus apoiadores na Síria e no exterior", disse Mekdad a jornalistas no local, onde bombeiros faziam o rescaldo em um caminhão-tanque atingido pela explosão.
A bomba, deixada num estacionamento atrás do hotel, foi detonada às 8h30 (2h30 em Brasília), destruindo o caminhão-tanque. Vários veículos brancos da ONU estacionados perto dali ficaram cobertos de cinzas e poeira.
Não ficou claro qual era o alvo do ataque. Além do hotel com funcionários da ONU, a região abriga também um clube de oficiais militares e um prédio do partido governista Baath. Não fica longe, também, do comando do Exército.
Grupos autodenominados "Descendentes da Brigada do Profeta" e "Brigada al-Habib al-Mustafa" afirmaram no Facebook que eram conjuntamente responsáveis pela bomba que, segundo eles, mataram 50 soldados. Grupos rebeldes rivais quase sempre assumem ataques e geralmente não fica claro quem realmente está por trás deles.
No mês passado, forças de Assad lançaram uma contraofensiva para desalojar os rebeldes de posições ocupadas por eles em vários bairros de Damasco e de Aleppo, maior cidade do país.
A oposição diz que 18 mil pessoas já foram mortas em 17 meses de repressão à revolta síria, e um impasse entre potências internacionais dificulta qualquer solução diplomática para a crise.
Nesta quarta-feira, líderes da Organização da Cooperação Islâmica (OCI) realizam uma cúpula extraordinária em Meca, na Arábia Saudita, e devem suspender a Síria dos seus quadros, apesar da forte oposição iraniana.
A decisão, que tem caráter principalmente simbólico, precisa ter o aval de dois terços dos 57 países do grupo. Num aparente gesto de conciliação, o rei saudita, Abdullah, recepcionou os participantes da cúpula ao lado do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Os dois líderes, que estão em campos opostos na crise síria, foram mostrados na TV rindo e conversando.
"Foi uma mensagem para a nação iraniana e, suponho, para o povo saudita, de que somos muçulmanos e precisamos trabalhar juntos e esquecer nossas diferenças", disse o analista político saudita Abdullah al Shammari.