Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Guerra em Gaza

Bombas de Israel não atingem apoio político ao grupo Hamas

Para analistas, exército israelense pode destruir infraestrutura dos militantes palestinos, mas não os enfraquece politicamente

Mulher palestina reage à presença de soldados israelenses na Cisjordânia: população sofre com medo de agressões | Eric Gaillard/Reuters
Mulher palestina reage à presença de soldados israelenses na Cisjordânia: população sofre com medo de agressões (Foto: Eric Gaillard/Reuters)
Veja no mapa os últimos ataques na Faixa de Gaza |

1 de 2

Veja no mapa os últimos ataques na Faixa de Gaza

Veja os conflitos mais recentes entre judeus e árabes palestinos |

2 de 2

Veja os conflitos mais recentes entre judeus e árabes palestinos

Quando a Faixa de Gaza voltar ao normal – o que não necessariamente significa voltar à paz –, Israel terá de lidar com seus erros. O país entra na terceira semana de bombardeios com números de vencedor: vários líderes do grupo palestino que controla a região desde 2006, o Hamas, foram mortos e centenas de seus militantes, presos. Além disso, boa parte da infraestrutura usada pelo grupo também foi destruída.

Mas, mesmo que o mundo volte atrás na acusação de que a reação ao lançamento de foguetes contra Israel seja desproporcional, o país pode concluir que não atingiu um importante objetivo, o de enfraquecer o grupo palestino politicamente. Essa é a opinião de analistas.

"Israel deveria tentar separar o povo palestino do Hamas, mas essa campanha os uniu e fortaleceu. Não vejo como o Hamas será enfraquecido após o cessar-fogo", afirma o analista político da Woodrow Wilson Center, de Washington, David Birenbaum.

Estrategicamente, o Exército israelense parece querer eliminar todas as fortalezas do Hamas antes do tão esperado cessar-fogo, visto que deixou seus soldados reservistas de prontidão para aderir à guerra em Gaza.

As informações que partem do governo de Israel divergem sobre isso. A chanceler israelense, Tzipi Livni, diz que não pode haver paz e liberdade na Palestina (o território é cercado e controlado pelo Exército israelense) estando no controle o Hamas – grupo que não reconhece a existência do Estado de Israel.

Já o premier Ehud Olmert (cujo sucessor será decidido em eleição no dia 10 de fevereiro) afirmou no último dia 6 ao jornal israelense Haaretz que pretende retirar as tropas de Gaza o quanto antes. "Não iniciamos com a intenção de ocupar Gaza ou matar todos os terroristas, e sim de levar mudança ao sul (de Israel, que é alvo constante dos foguetes Qassam do Hamas)", declarou.

Seja qual for a baixa imposta ao grupo palestino, analistas consideram que ele não irá desaparecer. "Considero outro erro Israel achar que vai ter uma solução sem algum tipo de acordo com o Hamas. O grupo mostrou com ações recentes que tem o poder de romper qualquer acordo", diz o professor Birenbaum.

Dois Estados

A obtenção da paz no Oriente Médio costuma ser associada à criação do Estado palestino. Mas, para o professor de história de Israel do Studium Teologicum e da Faculdade Evangélica Antônio Carlos Coelho, o fato de o Hamas não reconhecer o Estado judeu é um impedimento para que Israel apoie a criação do Estado palestino. "Não é possível ter como vizinho um povo beligerante", diz.

O próprio presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná, Jamil Ibrahim Iskandar, considera que os dois lados deveriam aceitar as condições para a paz, o que inclui a aceitação de Israel pelo Hamas. "Não tenho dúvida de que os palestinos, quando obtiverem plenos direitos, não terão problema de reconhecer o Estado judeu."

Armas

Se não se enfraquece politicamente, o Hamas certamente perde poder de fogo. Uma estratégia declarada da operação Cast Lead (algo como "chumbo fundido") é acabar com o tráfico de armas que entram na Faixa de Gaza pela fronteira com o Egito. Para conseguir isso, Israel vem bombardeando túneis que serviam de passagem clandestina para todo tipo de bem e pretende evitar com alta tecnologia a construção de novas galerias.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.