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Mulher palestina reage à presença de soldados israelenses na Cisjordânia: população sofre com medo de agressões | Eric Gaillard/Reuters
Mulher palestina reage à presença de soldados israelenses na Cisjordânia: população sofre com medo de agressões| Foto: Eric Gaillard/Reuters

Palestinos contam sobre Gaza

Árabes nascidos na Palestina e que moram em Curitiba estão há semanas sem contato com familiares na Faixa de Gaza. O comerciante Sharif Majid, de 72 anos, e o engenheiro Nabil Tarazi, de 71 anos, têm centenas de parentes nas áreas atingidas pelos recentes bombardeios. Sem contato com os familiares há mais de uma semana, eles contam que a situação é crítica: falta comida, remédios, luz e água, e a população sofre com o frio que toma conta da região nessa época do ano.

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Entrevista: Ruayda Rabah, natural de Toledo, no Paraná, que mora na Cisjordânia

Como é a vida na Cisjordânia neste momento?

Meus filhos (de 8 e 5 anos) estudam perto de Ramallah, a capital. A cada momento que escuto que o Exército entrou e atacou a cidade fico apavorada. Começo a ligar para a escola, para o ônibus que leva as crianças. Das 12h30 até as 1h30 fico pendurada no telefone. "Onde vocês chegaram, como está o caminho? O Exército não chegou aí?" A guerra psicológica é pior do que a morte.

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Quando a Faixa de Gaza voltar ao normal – o que não necessariamente significa voltar à paz –, Israel terá de lidar com seus erros. O país entra na terceira semana de bombardeios com números de vencedor: vários líderes do grupo palestino que controla a região desde 2006, o Hamas, foram mortos e centenas de seus militantes, presos. Além disso, boa parte da infraestrutura usada pelo grupo também foi destruída.

Mas, mesmo que o mundo volte atrás na acusação de que a reação ao lançamento de foguetes contra Israel seja desproporcional, o país pode concluir que não atingiu um importante objetivo, o de enfraquecer o grupo palestino politicamente. Essa é a opinião de analistas.

"Israel deveria tentar separar o povo palestino do Hamas, mas essa campanha os uniu e fortaleceu. Não vejo como o Hamas será enfraquecido após o cessar-fogo", afirma o analista político da Woodrow Wilson Center, de Washington, David Birenbaum.

Estrategicamente, o Exército israelense parece querer eliminar todas as fortalezas do Hamas antes do tão esperado cessar-fogo, visto que deixou seus soldados reservistas de prontidão para aderir à guerra em Gaza.

As informações que partem do governo de Israel divergem sobre isso. A chanceler israelense, Tzipi Livni, diz que não pode haver paz e liberdade na Palestina (o território é cercado e controlado pelo Exército israelense) estando no controle o Hamas – grupo que não reconhece a existência do Estado de Israel.

Já o premier Ehud Olmert (cujo sucessor será decidido em eleição no dia 10 de fevereiro) afirmou no último dia 6 ao jornal israelense Haaretz que pretende retirar as tropas de Gaza o quanto antes. "Não iniciamos com a intenção de ocupar Gaza ou matar todos os terroristas, e sim de levar mudança ao sul (de Israel, que é alvo constante dos foguetes Qassam do Hamas)", declarou.

Seja qual for a baixa imposta ao grupo palestino, analistas consideram que ele não irá desaparecer. "Considero outro erro Israel achar que vai ter uma solução sem algum tipo de acordo com o Hamas. O grupo mostrou com ações recentes que tem o poder de romper qualquer acordo", diz o professor Birenbaum.

Dois Estados

A obtenção da paz no Oriente Médio costuma ser associada à criação do Estado palestino. Mas, para o professor de história de Israel do Studium Teologicum e da Faculdade Evangélica Antônio Carlos Coelho, o fato de o Hamas não reconhecer o Estado judeu é um impedimento para que Israel apoie a criação do Estado palestino. "Não é possível ter como vizinho um povo beligerante", diz.

O próprio presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná, Jamil Ibrahim Iskandar, considera que os dois lados deveriam aceitar as condições para a paz, o que inclui a aceitação de Israel pelo Hamas. "Não tenho dúvida de que os palestinos, quando obtiverem plenos direitos, não terão problema de reconhecer o Estado judeu."

Armas

Se não se enfraquece politicamente, o Hamas certamente perde poder de fogo. Uma estratégia declarada da operação Cast Lead (algo como "chumbo fundido") é acabar com o tráfico de armas que entram na Faixa de Gaza pela fronteira com o Egito. Para conseguir isso, Israel vem bombardeando túneis que serviam de passagem clandestina para todo tipo de bem e pretende evitar com alta tecnologia a construção de novas galerias.

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