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PORTO PRÍNCIPE - O governo brasileiro enviou neste domingo ao Haiti uma equipe para acompanhar a investigação da morte do general Urano Bacellar, que comandava as forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país. Ele foi encontrado morto com um tiro na cabeça no Hotel Montana, onde morava, em Porto Príncipe. A aeronave Hércules C-130, da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou por volta de 12h30m da Base Aérea de Brasília e deve chegar à capital do Haiti na noite deste domingo.

A missão brasileira é formada por oito pessoas: Um analista de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), um delegado da Polícia Federal, dois peritos criminais da Polícia Federal, um médico legista do Instituto Médico Legal de Brasília, e dois oficiais do Exército, que são um general e um coronel, e também um representante do Ministério Público Militar.

Segundo assessoria do Ministério das Relações Exteriores, o avião da FAB é que trará o corpo do general, mas ainda não há data confirmada. Será necessário aguardar o andamento das investigações.

Em nota divulgada na noite deste sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao chanceler Celso Amorim que manifestasse à ONU a expectativa do governo brasileiro de que o organismo faça uma imediata e ampla investigação sobre a morte do oficial.

Segundo as primeiras informações que o governo brasileiro recebeu do comando internacional no Haiti, o general Bacellar, de 57 anos, teria cometido suicídio. As mesmas fontes afirmaram às autoridades brasileiras que o oficial estava muito deprimido, se sentindo solitário e desanimado com a tarefa. O militar era tido como uma pessoa muito fechada e que não conversava, não se abria com as pessoas.

Agências internacionais também afirmam que o general teria cometido suicídio. O Exército brasileiro, no entanto, trabalha oficialmente com a informação de que houve um acidente com arma de fogo. Ao lamentar a morte do general, em nota oficial, o Exército afirmou que está acompanhando a investigação policial.

Segundo o tenente coronel Cunha Matos, oficial de informações do batalhão brasileiro em Porto Príncipe, o general Bacellar não demonstrava um quadro de depressão ou descontentamento que pudessem levá-lo a um ato extremo. Ainda nesta sexta-feira, o oficial participou de um coquetel para entrega de medalhas na formatura de militares da companhia guatemalteca. Quem estava presente relatou que o brasileiro estava alegre, e participou de brincadeiras, tirando fotos na entrega da medalha aos guatemaltecos.

- Não temos nenhuma informação que indique suicidio. Mesmo porque a carga maior de cobrança da mídia era em cima do embaixador Valdez. Ainda temos que investigar essa informação não confirmada de que houve tiros na região do Hotel Montana - disse Cunha Matos.

O ministro Celso Amorim, por sua vez, disse que é preciso aguardar o fim da perícia para ter uma conclusão definitiva sobre as causas da morte.

- O general Bacellar tinha uma grande preocupação com a situação no Haiti, principalmente às vésperas da eleição. Mas nada fazia prever que ele viesse a se suicidar, se foi isso que aconteceu - disse Amorim.

Natural de Bagé, no Rio Grande do Sul, Bacellar era casado e tinha dois filhos. Procurada pela imprensa, a família não quis comentar o episódio.

Na semana passada, segundo Cunha Matos, houve um outro acidente que culminou com a morte de outro oficial da força de paz, um capitão jordaniano. Nesse caso, o corpo só foi liberado para embarcar para a Jordânia depois da perícia feita no Haiti.

A morte do general Urano Bacellar aconteceu horas depois de uma reunião do Conselho de segurança da ONU, para se posicionar sobre o adiamento das eleições do Haiti, prevista, inicialmente, para este domingo e adiada indefinidamente pelo Comitê provisório de eleições. Em declaração, o Conselho da ONU pediu que as eleições sejam realizadas até o dia 7 de fevereiro, data limite para que o governo provisório do Haiti seja substituído pelo presidente eleito.

O general Urano assumiu o posto no dia 31 de agosto de 2005, no lugar do general Augusto Heleno Pereira no comando das forças da ONU no Haiti. Ele ocupou até recentemente o posto de subchefe do Estado-Maior do Exército, em Brasília. O nome dele para o cargo no Haiti foi indicado pelo Comando do Exército brasileiro.

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