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Curitiba – A intervenção da ONU no Haiti é oportuna, mas precisa dotar os agentes da missão de paz com meios efetivos para que a ordenação ocorra de acordo com os interesses dos haitianos, analisa Sérgio Zilio, que faz parte do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos. "O Brasil está fazendo a sua parte e dá prova de competência ao administrar a deficiência dos meios que a ONU oferece. Faltam efetivos e recursos econômicos para viabilizar a missão." Mesmo diante das dificuldades, Zilio considera que o Brasil deve manter suas tropas no país.

A decisão do governo brasileiro de chefiar a missão de paz no Haiti é coerente com a política externa, avalia Luiz Edson Fachin, professor de Direito da Universidade Federal do Paraná. Para ele, a morte do general Urano não pode levar a questionamentos sobre a retirada das tropas do Haiti. "O Brasil deve manter a missão também em solidariedade ao povo haitiano que precisa restabelecer a paz."

A missão no Haiti em si é complicada e a presença brasileira tem alto custo, avalia o juiz federal e professor de Direito Internacional, Friedmann Wendpap. "Parte do projeto do Brasil no Haiti visa à conquista de uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, mas o custo financeiro e político é grande. O sonho de grandeza e glória no cenário internacional não vem só com bônus, mas ônus também." Wendpap defende que o Brasil não pode voltar atrás e que deve finalizar a missão investindo o máximo de recurso disponível. "É importante fazer um trabalho bem feito do ponto de vista político."

A socióloga paranaense Claodete Maria Solak esteve no Haiti em agosto de 2004 em uma missão do governo brasileiro para representar o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Ela conta que representantes de vários ministérios estiveram no Haiti para verificar o que era preciso ser feito e para apresentar sugestões de programas sociais para lideranças locais e governo provisório.

Claodete lembra ter ficado bastante chocada em ver a pobreza generalizada, muito lixo acumulado nas ruas, falta de regras de trânsito e a fome. "Para os nossos parâmetros, a situação lá é calamitosa. A sensação que dá é de impotência frente a tantos problemas."

Foram apresentadas na época propostas como o Fome Zero, diz Claodete. "Mas em um cenário de instituições frágeis, é grande a dificuldade de se iniciar e manter projetos. A expectativa dos haitianos era de que as eleições pudessem resolver os problemas que enfrentam."

Diante da dificuldade de manter projetos de longo prazo, Claodete considera que o governo brasileiro tem conseguido sustentar uma política de emergência, com envio de remédios, vacinas e exames para detectar o vírus da aids.

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