Embalagens contendo ajuda humanitária dos Estados Unidos para a Venezuela em um depósito na Ponte Internacional Tienditas, na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela| Foto:  LUIS ROBAYO / AFP

O governo brasileiro anunciou nesta terça-feira (19) que ajudará a enviar ajuda humanitária para a Venezuela, que passa por uma grave crise sob o regime do ditador Nicolás Maduro. Uma força-tarefa será montada em Roraima, na fronteira com a Venezuela, para definir a logística da entrega de alimentos em parceria com os Estados Unidos.

CARREGANDO :)

O anúncio foi feito pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros.

“A ajuda, que inclui alimentos e medicamentos, será disponibilizada em território brasileiro, em Boa Vista e Pacaraima, estado de Roraima, para recolhimento pelo governo do presidente encarregado Juan Guaidó, por caminhões venezuelanos conduzidos por venezuelanos”, afirmou Rêgo Barros; 

Publicidade

A operação deve ser feita a partir de sábado (23), data estabelecida por Juan Guaidó, presidente interino da Venezuela reconhecido por cerca de 50 países, para a entrada da ajuda humanitária no país.

Serão quatro pontos de entrada, Cúcuta (Colômbia), o estado de Roraima, uma ilha no Caribe e outro local não especificado. A ajuda é destinada a aliviar a escassez de bens básicos que provoca desnutrição e doenças.

Leia também: Cidade colombiana se prepara para confronto, enquanto impasse sobre ajuda à Venezuela continua

Durante ato que reuniu dezenas de milhares de venezuelanos em Caracas, no dia 12 de fevereiro, Juan Guaidó pediu que as Forças Armadas não bloqueiem a entrada da assistência humanitária.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, reafirmou hoje seu compromisso com Nicolás Maduro e prometeu proteger a fronteira de "ameaças à integridade territorial venezuelana". 

Publicidade

Maduro tem rejeitado a entrega de mais de 900 toneladas de alimentos por julgá-la um pretexto dos Estados Unidos para intervir militarmente na Venezuela. Juan Guaidó diz que 300 mil venezuelanos precisam com urgência de comida e remédios e a ajuda humanitária é um meio de forçar o Exército a escolher entre o chavismo e o povo. 

"A Força Armada permanecerá mobilizada e alerta ao longo das fronteiras (...) para evitar qualquer violação à integridade de seu território", disse Padrino. 

O comandante das Forças Armadas ainda acusou o presidente americano, Donald Trump, de ser "arrogante" por pedir ao Exército venezuelano que aceite a anistia oferecida pelo líder da oposição Juan Guaidó e a romper com Maduro. "Reiteramos sem restrições obediência, subordinação e lealdade", afirmou Padrino. "Aqui temos presidente, aqui temos o comandante-em-chefe, Nicolás Maduro." 

Guaidó, por seu lado, começou nas redes sociais uma campanha para que os generais que comandam brigadas na fronteira atendam aos pedidos dos venezuelanos por comida e remédios. 

"Soldados, escutem", pediu Guaidó, tornando públicos os nomes dos comandantes dos batalhões de fronteira. A aposta da oposição é que em vez de ouvir Padrino, esses militares ouçam ao apelo popular.

Publicidade

No domingo (17), o senador americano Marco Rubio visitou a cidade de Cúcuta para acompanhar a organização da ajuda americana à Venezuela, e alertou os soldados leais a Maduro que estarão cometendo um "crime contra a humanidade" se impedirem que os pacotes cheguem à população.

Batalha de bandas

A Venezuela se prepara para um ‘confronto’ no próximo final de semana, quando a ajuda humanitária - que no total vale dezenas de milhares de dólares, a maior parte oferecida pelos Estados Unidos - cruzará a fronteira contrariando ordens de Maduro. O ditador e os opositores pareciam estar se preparando para uma “batalha de bandas”.

Na sexta-feira, um show apoiado pelos aliados de Guaidó e patrocinado pelo bilionário britânico Richard Branson deve atrair milhares de pessoas a uma ponte na cidade colombiana de Cúcuta, para levantar fundos para ajudar os venezuelanos.

Em resposta, Maduro anunciou que fará o seu próprio festival “Tire as mãos da Venezuela”, ao mesmo tempo, em outra ponte a menos de cinco quilômetros de distância no outro lado da fronteira.