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Agricultores brasileiros da região de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, estão preocupados com o cumprimento das promessas de campanha de Evo Morales. Depois de anunciar a estatização das reservas de gás natural e petróleo, Morales deve continuar seu projeto de nacionalização dos recursos naturais. Durante a campanha ele afirmou que regularia ainda sobre terras e mineração.

O paranaense Nilson Medina, um dos principais produtores de soja da Bolívia – proprietário de 7 mil hectares de terras – e diretor da Associação Nacional de Produtores de Soja da Bolívia, afirma que fontes de dentro do governo boliviano confirmam que um decreto sobre a questão das terras já está em processo avançado. Mas Medina garante que essas novas ações não deverão afetar os proprietário de terras produtivas. "Quem comprou terra para fazer especulação, no entanto, tem que dormir preocupado", afirma.

Natural de Londrina, ele chegou à Bolívia há 15 anos, junto com várias outras famílias de brasileiros que resolveram investir na agricultura do país vizinho, especialmente na região de Santa Cruz de la Sierra. Segundo ele, os brasileiros detêm atualmente 40% da produção de soja da Bolívia. Estimativa da Camara Nacional de Comercio Boliviano Brasileña, sediada em La Paz, calcula que 300 famílias de brasileiros vivem hoje na região de Santa Cruz.

"Existe uma enorme apreensão. Com um governo com tendências socialistas, ajudado por Cuba e Venezuela, não sabemos o que pode acontecer", avalia o agricultor Roberto Zacarias Valle, morador de Santa Cruz há 15 anos e natural de Minas Gerais. "A maioria das família que se dedicam ao setor agropecuário, diante de todas as incertezas políticas, não estão fazendo investimentos", afirma Valle.

Outro empresário brasileiro que atua há 11 anos na área da agropecuária na Bolívia e preferiu não se identificar disse que "vários projetos de vendas em vista foram cancelados" desde o decreto assinado por Morales na última segunda-feira.

De acordo com Medina, existe um "acordo de cavalheiros" entre Lula e Morales que protege os agricultores brasileiros das possíveis medidas do governo boliviano. "O Lula tocou no tema (nacionalização das terras) com o Evo, e o Evo garantiu que não faria absolutamente nada contra os brasileiros. A nossa garantia é a palavra do presidente da Bolívia", diz o agricultor, que deve esperar as eleições de 2 julho para realizar novos investimentos no país.

"Não vou parar de investir aqui. Mas sempre há a hora certa de investir. Com as decisões recentes, é óbvio que a gente fica um pouco preocupado. Até a Assembléia Constituinte, quando será formada uma nova ordem nacional, acho que é sensato esperar para fazer investimentos", acrescenta Medina.

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