Aeroporto em Buenos Aires tem recebido alto número de russos desde o início do conflito com a Ucrânia| Foto: Unsplash
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O governo da Argentina afirmou nesta terça-feira (21) que nenhum cidadão russo que tenha ido ao país no ano passado obteve passaporte argentino, em meio à investigação realizada pela Justiça sobre as milhares de grávidas russas que viajam para o país com o objetivo de dar a luz e presumivelmente obter esse documento.

"Nenhum cidadão russo que veio para a Argentina no ano passado tem passaporte", afirmou o ministro das Relações Exteriores argentino, Santiago Cafiero. A Justiça argentina investiga se foi montada uma rede para antecipar o nascimento de filhos de mães russas na Argentina para que adultos tenham acesso ao passaporte argentino em tempo recorde. A criança nascida na Argentina tem direito a passaporte, mas os pais devem iniciar um processo legal que "leva anos", lembrou Cafiero.

Desde o início da guerra na Ucrânia, 10,5 mil russos viajaram para a Argentina. Nos últimos três meses, foram quase 6 mil russos. O país não exige visto para turismo e as mães podem obter uma segunda cidadania para a criança, de acordo com a Direção Nacional de Migrações da Argentina.

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O passaporte argentino dá acesso a mais de 170 países sem visto e permite obter um visto de 10 anos nos Estados Unidos, em um contexto em que a Rússia enfrenta sanções pela invasão da Ucrânia. A migração também afirmou que 7 mil dessas mulheres russas que entraram no país para dar à luz não estão mais na Argentina.

Investigação em curso

Os investigadores identificaram a primeira linha da "organização criminosa" que "lucrou com famílias russas de alto poder aquisitivo, que para entrar no país pagaram de US$ 20 mil a US$ 35 mil" e designaram um hospital para o nascimento de seus filhos, segundo fontes policiais.

A Justiça investiga se, quando a criança se naturalizava cidadão argentino, essa organização administrava em tempo recorde os trâmites de registro e cidadania argentina dos pais. Cafiero explicou que, se algum russo obteve um passaporte argentino em 2022, isso corresponderia a um procedimento "anterior à guerra" na Ucrânia.