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O programa Última Análise desta terça-feira (15) explorou a bem-sucedida política de segurança pública de Nayib Bukele, presidente de El Salvador. Com sua política de encarceramento em massa, a taxa de assassinatos no país teve uma redução de 98%. A pergunta é: temos aqui um exemplo a ser seguido ou não?
O jurista André Marsiglia expressou ressalvas: "É necessário que a gente tome cuidado com essas seduções, feitas a partir de alguns autoritarismos". Segundo ele, tanto o populismo do Executivo quanto o ativismo do Judiciário podem ser perigosos, pois em ambos "a gente sempre vai estar na mão de alguém".
Da mesma forma, o jornalista Leandro Narloch questionou essa "licença para o Estado fazer o que quiser". Por enquanto, no Brasil, não há necessidade de medidas extremas, bastando simplesmente "manter bandidos presos", afirma.
Ressocialização x "bandido bom é bandido morto"
O caso de El Salvador reacendeu um debate antigo dentro da segurança pública. De um lado, a esquerda, que vitimiza os bandidos e acredita que o encarceramento deve visar à ressocialização dos detentos. De outro, a direita, que acredita que o sistema prisional deve somente garantir a segurança dos cidadãos de bem.
Marsiglia atacou a ideia de "reeducação", afirmando que se trata de um "mito muito alimentado pela esquerda". Segundo ele, ninguém se recupera por "osmose", sendo necessária a imposição de algumas ações. O jurista cita o caso da "internação compulsória", que a esquerda resiste a pôr em prática.
Já o cronista da Gazeta do Povo Paulo Polzonoff Jr. lembra que o ordenamento jurídico brasileiro é baseado na ideia de que, por pior que seja, todo bandido é capaz de se regenerar. Além disso, ele questiona se há, de fato, uma demanda por uma política de segurança como a de Bukele no Brasil, ou se é apenas um desejo da classe média.
O programa Última Análise estreou este mês na grade de conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a quinta-feira. A proposta é discutir com mais reflexão, e menos paixão, os grandes temas desafiadores para o futuro do país.