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Primeiro-ministro britânico David Cameron admitiu dinheiro em paraíso fiscal. | Christopher Furlong/AFP
Primeiro-ministro britânico David Cameron admitiu dinheiro em paraíso fiscal.| Foto: Christopher Furlong/AFP

O furacão mundial pelos vazamentos dos “Panama Papers” se aprofundou nessa quinta-feira (7) no Reino Unido e na Argentina. Enquanto David Cameron admitiu que teve dinheiro em paraíso fiscal, Macri virou alvo de uma investigação aberta pelo Ministério Público argentino.

Cameron confessou uma participação de 30 mil libras esterlinas (US$ 42 mil) em uma sociedade com seu pai e que vendeu os ativos em 2010, quatro meses antes de assumir como primeiro-ministro britânico.

Até agora, o escritório de Downing Street emitiu quatro comunicados sobre a questão, afirmando que os investimentos ‘offshore’ eram um tema “privado” de Cameron.

Na Argentina, o procurador Federico Delgado pediu ao juiz Sebastián Casanello que sejam solicitadas informações à autoridade fiscal argentina (AFIP) e um parecer do órgão anticorrupção, entre outras fontes, para determinar se Macri omitiu “intencionalmente” o fato em sua declaração de bens.

O nome de Macri figura em duas empresas ‘offshore’, uma delas ainda ativa.

O presidente argentino negou nessa quinta-feira ter cometido uma “omissão dolosa” em sua declaração de bens.

“Me apresento amanhã à Justiça com toda a informação para que o juiz verifique que o que eu fiz é correto e que não é verdade que houve uma omissão dolosa em minha declaração [de bens] de 2007 e 2008”, disse Macri na Casa Rosada.

O juiz Casanello deve decidir se dá andamento a essa investigação que pode levar Macri a enfrentar um processo judicial com apenas quatro meses como presidente da Argentina.

No nome dos pais

Tanto Cameron como Macri tiveram que dar explicações justificando que foram iniciativas de seus pais.

Paraísos fiscais domésticos explicam pouco peso dos EUA no ‘Panama Papers’

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O primeiro-ministro britânico disse que teve uma participação de 30 mil libras esterlinas em um fundo “offshore” de seu pai.

Macri aparece como diretor na empresa Fleg Trading Ltd. inscrita nas Bahamas, segundo os “Panama Papers”, e na Kagemusha SA, da qual Macri seria vice-presidente, segundo seu registro no Panamá. Essa última firma ainda está em funcionamento, segundo um documento da procuradoria ao qual a AFP teve acesso.

A primeira sociedade foi registrada nas Bahamas em 1998 pelo pai do mandatário, Franco Macri, dono de um importante conglomerado de empresas na Argentina, para fazer um empreendimento no Brasil que não prosperou.

Segundo explicou Franco Macri esta semana, a empresa “nunca esteve ativa”, motivo pelo qual foi fechada em 2008.

Delgado decidiu abrir a investigação após denúncia apresentada na quarta-feira pelo deputado do opositora Frente para la Victoria, Norman Darío Martínez.

O legislador também pediu na justiça que se investigue um homem próximo ao presidente, Néstor Grindetti, atual prefeito de Lanús (periferia sul de Buenos Aires), que movimentou uma sociedade no Panamá e uma conta bancária na Suíça entre 2010 e 2013, quando era secretário da Fazenda da prefeitura de Buenos Aires, durante o mandato de Macri (2007-2015).

Eleito em novembro de 2015, após prometer uma gestão exemplar, o presidente de centro-direita tem tido sua imagem atingida pelas revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos que sacodem seu governo desde o domingo passado.

Putin e Panamá contra a parede

O presidente russo, Vladimir Putin, também negou nesta quinta-feira que existam “elementos de corrupção” entre as pessoas de seu círculo mais próximo citadas nos “Panama Papers”.

“Que elementos de corrupção? Não há nenhum”, afirmou Putin, que acusa os Estados Unidos de estarem por trás do vazamento de milhões de documentos da firma de advocacia panamenha Mossack Fonseca.

Sob pressão internacional, o governo do Panamá continuou dando explicações sobre seu sistema financeiro e se disse disposto a negociar com os países ocidentais para endurecer suas práticas fiscais e limpar sua imagem.

“Um pedido que eu faço aos países da OCDE é que voltem à mesa de diálogo e busquem acordos, e não usem essa conjuntura para afetar a imagem do Panamá, porque isso não vamos aceitar”, disse o presidente panamenho, Juan Carlos Varela.

O presidente francês, Francois Hollande, garantiu nessa quinta que as empresas europeias que estejam no caso dos “Panama Papers” por cometer atos fraudulentos “serão processadas”.

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