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O candidato à presidência da Catalunha, Carles Puigdemont | LLUIS GENE/AFP
O candidato à presidência da Catalunha, Carles Puigdemont| Foto: LLUIS GENE/AFP

O candidato a presidência da Catalunha, Carles Puigdemont, prometeu neste domingo, em seu discurso prévio à candidatura, lançar um processo de secessão nessa região do nordeste da Espanha.

“Precisamos (...) iniciar o processo para constituir um Estado independente na Catalunha, que as decisões do parlamento da Catalunha sejam soberanas”, assegurou, poucas horas antes da votação na qual o parlamento regional com maioria independentista o escolherá como novo presidente regional, em substituição a Artur Mas.

Em uma inesperada reviravolta dos acontecimentos, Mas cedeu no sábado às pressões de seus opositores e renunciou a sua reeleição. Assim, permitiu a formação de um governo apoiado por conservadores, progressistas e anticapitalistas, cuja missão será proclamar em 18 meses a independência da Catalunha.

Na noite deste domingo (10), o Parlamento catalão escolherá como seu sucessor Puigdemont, jornalista de 53 anos e membro do partido de Mas. Pouco conhecido fora da região, com uma curta carreira política, desde 2011 é prefeito de Girona, cidade de 97.000 habitantes a 100 km ao norte de Barcelona.

“Prometo-lhes que eu vou deixar minha pele”, assegurou no parlamento, em cujas portas reuniram-se dezenas de militantes com bandeiras independentistas. “Nos resta o último trecho para culminar o processo iniciado há alguns anos. (...) Mas o coordenaremos com sucesso”, declarou.

Os independentistas, divididos após as eleições regionais de 27 de setembro, têm até da meia-noite desse domingo para escolher um novo presidente regional antes de verem-se forçados a convocar novas eleições, o que colocaria em perigo sua maioria absoluta.

Em Madri “nas últimas semanas diziam com entusiasmo que a Catalunha estava se afundando (...) A partir de ontem voltaram a soar todos os alarmes”, comemorou Mas neste domingo.

Enquanto os independentistas concentram suas forças, a Espanha encontra-se sem governo e com um cenário político muito fragmentado após as eleições de 20 de dezembro, vencidas pelo presidente do governo conservador Mariano Rajoy, mas longe da maioria absoluta.

Com a região mais rica do país e a segunda mais populosa em rebeldia, o governo atual insistiu na necessidade de que “o próximo governo da Espanha conte com uma ampla base parlamentar que garanta a estabilidade e a capacidade para fazer frente ao desafio independentista”.

Rajoy quer pactuar um governo de seu Partido Popular com os socialistas do PSOE, segunda força da Espanha, e Ciudadanos (centro-direita), nascido na Catalunha para combater o nacionalismo.

“Senhor Mas do mesmo”

Uma vez estacionadas suas divisões ideológicas, os independentistas querem começar o plano que prometeram aplicar após as eleições de setembro, nas quais conseguiram 47,8% dos votos dos catalães.

Este plano ficou concretizado em uma resolução parlamentar aprovada em 9 de novembro lançando a secessão e declarando-se insubmissos às instituições espanholas, especialmente ao Tribunal Constitucional que poucas semanas depois declarou ilegal este texto.

Sua estratégia esteve a ponto de fracassar pelas discrepâncias entre a coalizão Juntos por el Sí (62 deputados), com conservadores e progressistas, e a esquerda radical Candidatura de Unidad Popular (10 deputados, que rejeitava como presidente Artur Mas, finalmente substituído por Puigdemont.

“Hoje vamos investir no senhor Mas, no senhor Mas do mesmo”, criticou com certa gravidade a líder da oposição, Inéns Arrimadas, do Ciudadanos, destacando que ambos acreditam que “podem estar acima das leis democráticas e da justiça”, aplicando seu plano separatista.

O pacto garante a estabilidade do próximo governo de Puigdemont dado que obriga a CUP a não deixar em minoria frente aos 63 deputados não independentistas. Entre suas primeiras leis do executivo estarão a elaboração de uma administração tributária e uma segurança social próprias.

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