Representante do partido Iniciativa Civil, Boris Nadezhdin, teve candidatura barrada nas eleições gerais da Rússia| Foto: EFE/EPA/ANATOLY MALTSEV
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A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia rejeitou nesta quinta-feira (8) o registro do opositor Boris Nadezhdin, único candidato que defende o fim da invasão na Ucrânia, devido a erros detectados nas assinaturas que apresentou para concorrer às eleições presidenciais de março.

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“Não concordo com a decisão da Comissão Eleitoral (…) Vou recorrer ao Supremo Tribunal da Rússia”, disse Nadezhdin em seu canal no Telegram.

A CEC determinou que Nadezhdin apresentou 95.587 assinaturas válidas, quando precisava de 100.000 para registrar sua candidatura por ter o apoio de um partido sem representação parlamentar (Iniciativa Cidadã).

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A comissão acusou a equipe do candidato opositor de cometer erros formais, incluindo assinaturas de 11 pessoas mortas, ao utilizar bancos de dados desatualizados. “Não se deve cruzar a fronteira onde pessoas falecidas aparecem nas listas a favor dos candidatos”, declarou Nikolai Bulaev, vice-chefe da CEC, durante uma sessão do órgão realizada no centro de Moscou.

Além disso, alertou Nadezhdin que a comissão nunca perdeu um caso perante o Supremo Tribunal nas quatro ocasiões em que os candidatos recorreram contra uma decisão da autoridade eleitoral.

No caso do presidente Vladimir Putin, Bulaev lembrou que os responsáveis ​​da comissão encontraram apenas 91 assinaturas inválidas, o que lhe permitiu concorrer à reeleição em 17 de março.

Por sua vez, Nadezhdin afirmou que sua equipe coletou mais de 200 mil assinaturas em toda a Rússia. “Realizamos a coleta de forma aberta e honesta. Todos viram as filas em frente à nossa sede eleitoral e aos nossos gabinetes”, disse no Telegram.

Horas antes, comentou em declarações na redes sociais que se tivesse intenções de voto de 1-2%, e não de 15-20%, não teria tido problemas em participar nas eleições.

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A campanha de coleta de assinaturas de Nadezhdin tornou-se a primeira demonstração massiva e legal de rejeição da guerra desde o início da guerra em fevereiro de 2022.

A oposição acusa Putin de fazer todo o possível para impedir a participação do candidato pacifista, pois teme que ele reúna todos os insatisfeitos não só com a guerra, mas com a guinada autoritária do Kremlin. A esse respeito, o porta-voz presidencial, Dmitry Peskov, limitou-se a afirmar que a comissão fez o seu trabalho, que consiste em exigir o respeito pela regulamentação em vigor.

A CEC registrou quatro candidatos: Putin; o comunista Nikolai Kharitonov; o nacionalista Leonid Slutski e o representante do partido Gente Nova, Vladislav Davankov.

Embora tenha garantido publicamente que não o faria, Putin reformou a Constituição em 2020 para poder concorrer à reeleição, algo que poderá voltar a fazer daqui a seis anos e, desta forma, permanecer no Kremlin até 2036. (Com Agência EFE)

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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