Caracas lembra Chávez e protestos continuam

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De um lado de Caracas, manifestantes contrários ao governo armaram barricadas para protestar. No outro extremo, uma multidão se reuniu para marcar o primeiro aniversário da morte do presidente Hugo Chávez.

As avenidas bloqueadas por manifestantes ficam na zona leste de Caracas. As vias foram interditadas por barricadas armadas com materiais de construção, lixo, troncos de árvores, móveis e eletrodomésticos velhos, o que causou congestionamentos em alguns pontos da capital venezuelana.

Ao som de cornetas e apitos, dezenas de pessoas, a maioria da classe média venezuelana, começaram a se reunir durante a madrugada em El Hatillo para iniciar o bloqueio das ruas.

Um manifestante que se identificou apenas pelo sobrenome, Zolano, criticou os simpatizantes do presidente morto. "Não se pode celebrar um tirano que se ocupou somente de comprar consciências e amparar a impunidade", disse.

Segundo ele, os protestos são "um pedido de auxílio aos presidentes que se atrevem a vir à Venezuela e serem cúmplices, por interesse próprio, da mão opressora de um grupo que só quer enraizar ideais sociais e comunistas".

Em 23 de Enero, bairro pobre no extremo oeste de Caracas, a realidade é outra. Também de madrugada, centenas de pessoas empunhando bandeiras venezuelanas faziam fila para visitar o Quartel da Montanha, onde estão guardados os restos mortais de Chávez.

"Sou muito agradecida a Chávez, pois na verdade ele despertou a mim e ao meu povo", declarou Soraida Vega enquanto esperava na fila para visitar o museu militar. "Não temos que nos deixar diminuir por esses pitianques [pró-americanos], esses traidores", disse, criticando os protestos iniciados em 12 de fevereiro.

Ex-líder da Venezuela é lembrado em vários países das Américas

Efe

Hugo Chávez foi lembrado ontem com atos em sua homenagem, cerimônias religiosas, comentários e manifestações em vários países das Américas, incluindo os Estados Unidos. Presidentes como o uruguaio José Mujica, ex-governantes como o colombiano Ernesto Samper e ministros como o argentino Héctor Timerman fizeram referência ao "vazio" que a morte de Chávez deixou e também ao papel que desempenhou no fortalecimento da integração latino-americana. Aos primeiros dos vários atos comemorativos que se realizaram ontem em Caracas, foram apenas dois chefes de Estado da região, o boliviano Evo Morales e o cubano Raúl Castro, mas outros países enviaram representantes de alto escalão. Ao longo do dia, chegaria ainda o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que antes de viajar para Caracas fez um tributo a Chávez com membros da Juventude Sandinista na capital nicaraguense.