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Vaticano

Cardeal condenado por fraude e que perdeu direitos desiste de tentar participar do Conclave

O cardeal Angelo Becciu em foto de 2022 (Foto: EFE/EPA/FABIO FRUSTACI)

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O cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu, que na semana passada havia dito que tentaria participar do Conclave para escolher o sucessor do papa Francisco, mesmo após ter perdido seus direitos e sido condenado por fraude, desistiu nesta segunda-feira (28) de tentar tomar parte na votação.

Segundo informações do jornal italiano Corriere della Sera, a decisão dele teria sido tomada esta manhã, após uma reunião no Vaticano.

A revista espanhola Vida Nueva havia afirmado que a orientação do Colégio dos Cardeais era “colocar em votação a participação ou não de Becciu no Conclave”, mas somente quando todos ou quase todos os cardeais eleitores tivessem chegado a Roma.

Em encontro realizado hoje na Sala Paulo VI, o cardeal teria sido convencido a não participar, informou o Corriere della Sera.

Becciu, que era um dos prelados - termo usado para se referir a bispos e cardeais de alta posição na hierarquia da Igreja Católica - mais influentes da Cúria Romana, chegou a ocupar o cargo de “substituto” na Secretaria de Estado do Vaticano sob a liderança de Francisco — equivalente a um chefe de gabinete do papa — e posteriormente foi nomeado prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Em setembro de 2020, foi afastado pelo então pontífice após denúncias de má gestão e uso indevido de recursos financeiros da Santa Sé.

O caso que resultou na condenação de Becciu envolveu a compra de um imóvel de alto padrão em Londres, financiado com recursos do Vaticano. A Santa Sé investiu cerca de US$ 400 milhões na aquisição de uma antiga loja de veículos da Harrods, no bairro de Chelsea, que seria convertida em empreendimento imobiliário.

A operação, no entanto, gerou um prejuízo estimado em US$ 140 milhões. Segundo os promotores, Becciu e outros envolvidos agiram com negligência e permitiram que intermediários obtivessem ganhos indevidos em prejuízo da Igreja.

Além do escândalo financeiro em Londres, o cardeal também foi implicado no caso da “dama do cardeal”, a consultora italiana Cecilia Marogna, acusada de usar dinheiro do Vaticano para despesas pessoais, incluindo compras de itens de marcas de luxo como Gucci e Prada.

Becciu teria autorizado transferências que somaram centenas de milhares de euros para Marogna, que foi condenada por apropriação indevida. Durante o julgamento deste caso, imagens de Marogna dentro do apartamento do cardeal e publicações com legendas como “me sentindo em casa” alimentaram as suspeitas de um envolvimento pessoal, negado por ambos.

Mesmo diante das condenações e da perda dos direitos de cardeal — decisão oficializada pelo próprio Vaticano em 2020 —, Becciu nega envolvimento em ilegalidades e vinha defendendo sua legitimidade para participar do Conclave, mas agora desistiu.

Nesta segunda-feira, a Santa Sé confirmou que o Conclave começará em 7 de maio.

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